sexta-feira, dezembro 24, 2010

Feliz Natal

Queridos amigos da blogosfera,


Ontem fui visitada pelo espírito Natalino, não o de compras, mas o outro que leva compreensão ao coração dos homens, arrependimento e perdão. Recentemente aconteceu algo em minha vida, eu e meu grande ego sofremos muito, incomodou pra cacete, fiquei muito magoada e toda vez que lembrava chorava por dentro. Não sou de sentir rancor de ninguém, nem de carregar mágoa, mas me perguntava porque aquilo tinha acontecido comigo e o que levou a pessoa a fazer aquilo.

Pois bem, ontem quando estava saindo do shopping, eu tive meu momento de epifania, me dei conta que todas as mudanças são para nosso bem, acredito em Deus e sei que ele quer o melhor pra gente. Cada mudança, acontecimento vem para ensinar o que precisamos, burilar o caráter, o espírito. Ao entrar no carro me dei conta que apesar do meu coração cristão, da  minha boa vontade, de não comer carne alguma, de ser solidária com o próximo e outras característica próprias que acreditava ser de quem busca a evolução, me dei conta que havia falhado em meu teste. Fui feia, julguei, minha vaidade e meu ego me impediram de avaliar com calma a situação. Pois bem, chorei e pedi desculpas, percebi como preciso ainda me livrar da vaidade, como sou prepotente e arrogante, preciso e muito desenvolver a humildade e a simplicidade. No caminho em quanto dirigia, fui olhando cada uma das pessoas que me trouxe recentemente algum desconforto e como eu havia recebido e trabalhado. Percebi as semelhanças nas oportunidades de crescimento. Agradeci a cada uma das pessoas mentalmente, pedi desculpas e, o mais incrível, aquele sentimento ruim que estava dentro de mim, acabou! O medo, a insegurança, a mágoa, sentimentos nocivos foram dissipados, ficando uma paz muito grande, alegria e uma percepção clara de mudança, de como receber a vida dessas pessoas em minha vida e olhar para elas como seres amigos que estão ofertando uma oportunidade de crescimento. Que Deus está aqui comigo, sempre do meu lado me ajudando, cabe a mim, perceber.

Caros amigos, assim, me sinto visitada, igual filme de Natal, pelo espírito Natalino. Quis compartilhar com vocês, porque gostaria que também avaliassem se estão aproveitando as oportunidades oferecidas. Perdoe, mas perdoe mesmo de coração.

Amo todos vocês e desejo do fundo do meu coração um Feliz Natal, cheio de muita paz, amor, harmonia e compreensão. Que possamos com esses sentimentos nos melhorar, melhorar o mundo a nossa volta e com isso melhorar o mundo todo!

Um grande abraço e beijo carinhoso,

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Lembranças

Vagamos por cômodos e paredes vazias, as lembranças fazem eco no assoalho, me apoio no corrimão enquanto desço a escada buscando arrimo externo às dores do peito.

Meu olhar também vazio se perde nas respostas de um ontem que nunca chegou, há sempre uma dor de onde viemos que se mistura com o som da louça, com as vozes inaudíveis de uma tarde lá longe, onde o ouvido intruso insiste em aproximar corações e pensamentos.

Hoje o sol brilha e os raios que trespassam as árvores rabiscam alegremente o chão, algumas folhas tremulam à brisa que brinca, enquanto as vozes que se fazem presente são de outros seres, mais amigáveis. Desço confiante os últimos degraus da escada, o corrimão amigo me confidencia, lá fora o sol também aquece.

P.S. I - O tempo passado passou, o presente trouxe de presente o presente, que se pensarmos bem em tempos de Natal, é um grande presente!

P.S. II - Beijos Natalinos em todos! Campanha de Natal, ame-se muito e transborde de amor para o próximo!

domingo, dezembro 12, 2010

Amiga secreta

Chegou o grande dia ! Revelar a amiga secreta!


Pois bem, apesar de não ter dado tempo de visitar todos os blogs, adorei a brincadeira! Fazer novas amizades, compartilhar interesses, versos, vida! É muito bom e enche o peito de calor!


Pois bem, foi isso que senti ao visitar o blog da minha amiga secreta!


Minha amiga secreta é um céu estrelado e um dia ensolarado, brilha, brilha, brilha! Tem paixão pela vida, paixão pelas causas, guerreira. Apaixonada e é linda! Tem senso de humor, coragem e ousadia, percebe-se pelos contos!


Passeando pelo blog percebi que tem um coração generoso, muita energia e muito otimismo! Com certeza, um amigo pra se levar no caminho.


Minha amiga secreta é Mari Amorin, dona do blog Mari - Brincando com a Rima, e também Sem pretensoes amor contos e causos, onde, definitivamente, não só brinca com a rima como também com a prosa. Seus contos são memoráveis e seus versos nos levam por um caminho que nos faz sonhar com o amor.


Em seu perfil diz que é uma árvore de raíz forte, digo mais, é também uma árvore florida, dessas que dá para se avistar de longe as flores e que alegra muito o olhar.


Moça, te desejo um Feliz Natal, com muita paz e amor, e um maravilhoso 2011, repleto de realizações, saúde, felicidade e muito sucesso! Te desejo também uma brisa boa, água em abundância e muitas borboletas e pássaros!


Peço permissão aqui de colocar um post seu, que tem uma foto de um lindo bouganville, me lembrei de você árvore e florida!


BOUGANVILLES




NADA VAI SEPARAR-NOS, EXISTEM LAÇOS;
NEM VAI DESENLAÇAR, NEM NOS ESPAÇOS
ENTRE OS PASSOS QUE JUNTOS DAMOS, SÓS;
NEM ANTES DOS ABRAÇOS, NEM APÓS.
NADA VAI DESATAR TANTOS AMASSOS;
NEM VAI DESAMASSAR, NEM NOS ESCASSOS
TRUQUES, TRAÇOS, HERDADOS DOS AVÓS,
NOSSOS BRAÇOS, CRUZADOS COMO NÓS.
TODO O MEU CORPO, TODO O TEU, TAMBÉM,
SÃO BOBINAS TRANÇADAS DE UM MOTOR,
BOUGANVILLES DEPOIS DO SOL SE PÔR,
A LIBERAR CALOR COMO NINGUÉM.
SÃO NOSSOS CORAÇÕES, QUE VÃO E VÊM,
PONTAS DE UM GRANDE LAÇO, QUE É O AMOR.


©MARI AMORIM



Beijo Grande a todos e um abraço cheio de sol como essa amanhã que nos ilumina!
Um abraço especial na Ester, do blog Uni ver sos que bolou a brincadeira. Parabéns pela iniciativa que trouxe alegria e mais união a essa blogosfera! Beijão querida!

domingo, novembro 28, 2010

Caminhar seco

Escultor, talha dias e manhãs no chão de pedra, o olhar de ontem no caminho feito de silêncios, seixos ao longo da estrada reverberam o pensar solitário, os cactos mudos compactuam a existência seca de dias quentes, empoeirados, sem sombras. No bar, uma bebida para apagar os rastros de um viver doído, o olhar se perde na mulher de baton borrado, vestida de preto, que dança perdida uma música ausente. Resoluto, jogou o cigarro no chão, levantou-se e saiu pela porta, deixando para trás muito mais que um passado cheio de pó, vagas lembranças e a promessa de um futuro improvável. Vida que segue, seca como uma bebida rascante.

sábado, novembro 20, 2010

Beijo

Ele beijou-lhe a boca como quem come uma fruta madura e lambe o sumo que escorre por entre os dedos. Beijou-lhe tanto, que tirou os lábios, o ar, o dia, o vento, restando somente uma leve lembrança. Quando acabou, levou os dedos à boca em um gesto natural, não de quem busca sentir o torpor da carne, mas de quem testa a própria existência.

domingo, novembro 14, 2010

Vida

Vida que segue tranquila
pedras no caminho somente a lembrar 
o olhar cuidadoso ao detalhe

A flor desabrocha na janela 
feito gato ao sol que beija lânguido a luz quente e doce

Bendita a vida que desce e se derrama
feito gota de êxtase


Morro bêbada a cada manhã
imersa em desvarios senis
precoces de quem burla a existência



sábado, novembro 13, 2010

Em algumas manhãs

De mim sai a faca que rasga
trilhando caminhos
nas dúvidas rubras

angústia da lâmina fria
que aponta a falha,
do peito, a palavra cala

olhar de pai distante
à criança muda,
fere filho mineral

a dor cristalizada
cai em gotas de orvalho
molhando um jardim de ontem, hojes

flores natimortas sem cores.


segunda-feira, novembro 08, 2010

Vida que transborda

"Desenrolou o novelo calmamente e buscava com o olhar o ponto onde poderia haver o nó, puxou toda a lã e assentou pacientemente entre os dentes do pente do tear. A manhã passava tranqüila, assim como seus pensamentos, seus movimentos ritmados pareciam um bailado tramando contra o tempo e os dias gentis. Parou, esticou braços e pernas e olhou pela janela, a manhã cinzenta já ia longe e nem sinal do sol. Deitou um olhar sobre o jardim de lavanda e deixou-se levar pelo perfume, distante e mesmo assim presente percebeu um tom entre os matizes das flores que poderia aplicar e destacar o desenho de sua manta. Ainda olhando pela janela, descontente viu que seu pé de tomates carregado precisava de um esteio. Praguejou baixinho, em um lampejo viu que sua vida se assemelhava a aquele jardim, carecia de novos matizes e de um esteio."

Interessante o exercício de ser possuída pelas palavras, poderia ser um exercício de vidas passadas... Em um abandono elas chegam, sem qualquer pretensão, sem saber previamente o enredo, elas se enfileiram e vão formando uma história. De quem, como, quando, nenhuma pista, simplesmente se apresentam e dão forma a um momento que com certeza deve dizer algo para algum lugar de mim, alguma memória, algum espaço, vida, dimensão que eu tenha ocupado ou então, é meu eu se apresentando para me confortar e dizer que sou muito mais que tudo isto, a vida transborda mesmo quando nem damos conta.

sábado, novembro 06, 2010

Fragmentos


[mariposa perdida de amor
pela luz, se transforma 
em flor de pétalas secas]


[faca na pele alva 
desenha caminhos cinzas 
de seixos mortos]


[perdura no ar a flor 
que insiste a bailar sem vento]



segunda-feira, novembro 01, 2010

Ausência de verbo *

            Neste instante me vejo muda, calada, ausente de palavras e símbolos, perdida de significados. Qualquer instrumento afinado para tocar, descrever o momento. Notas surdas silenciam. Contemplação. Céu escuro pontilhado de estrelas. Infinitude. O ser desperto alça vôo e contempla sua própria eternidade. Mergulha no azul da prússia do universo, viaja a mais longínqua galáxia e traz poeira de estrela no bolso da alma. Quem somos e o que fazemos das nossas culpas, dos remorsos e todos quereres, tudo, tudo se perde neste abraço perfeito, na dobra do corpo que recebe o beijo. O caminho de volta para sempre perdido nas encruzilhadas das curvas, nos declives dos montes e bifurcações. 

         Cavalgada no prado, capim gordura que ondula, cheiro de mato, rocio cedo que umedece a face. O cavalo veloz imprime velocidade e voa no vento. Na corrida urgente carrega cabelos, boca, a mão que afaga a face. Beijos alados, doces, suaves, do sabor da flor, do amor, da paixão que vicia. No céu azul teu olhar na lua branca luzidia.

         Quando a noite se esconde e as estrelas repentinam se apagam, os corpos no caminho se perdem. Na perdição dos sentidos, a respiração trôpega se corta e entrecorta, suspensa lança os corpos em fuga, cúmplices das sombras mudas. Fogem alados os dois aliados, voam alto bem alto, puros e inocentes voltam ao paraíso, de onde foram há muito deportados, e agora retornam, finalmente, perdoados. Parceiros da louca aventura em caminho acidentado. Nau sem porto que resgata o branco da espuma, da onda que finda na praia. Viagem louca, caravana sem pouso, itinerante, de países perdidos e mares distantes. Seres encantados de contos de fadas, habitantes de cavernas e grutas escuras, despertos da hora convidam a celebrar. 

         Não quero voltar, me deixe lá, me abandone ao relento, perdida nas pedras, na areia, abraçada ao tronco da árvore, carvalho em flor. Quero ficar esquecida, esquecida de mim, da vida, perdida neste espaço de tempo nano eterno da minha pequena morte. Ah me deixe morrer, a morte é doce e nela me encontro. 



         Abro os olhos e nos vejo, abraçados, a representação do mais belo, estética divina, pintura, musica e toda poesia. Afinal, compreendo e sorrio tranqüila, agora sei, para este momento o verbo ainda não foi inventado.


P.S - * Reeditado, algumas vezes as emoções ficam preservadas nos textos e, ora e outra, é bom resgatá-los e lembrar que a vida vale muito a pena. Bjs, boa semana

sexta-feira, outubro 29, 2010

Eu, você, nós

Quando compartilho dor, amor, vida, tudo, tudo deixa de ser somente meu, pois você se apropria de mim, de minhas vontades, meus quereres, das dores. Sou eu em palavra lida, sentida. A cada verso ou frase, me abro como em flor de papel. E, é tão real, que na ponta do dedo me tens. Se esticar um pouco mais o braço, verá, você toca minha alma.





P.S - Houve um tempo que eu sentia com tamanha intensidade que doía, não no outro, mais em mim mesma. Que bom que os tempos passaram e com a maturidade veio uma calmaria boa, de quem pode sentir muito e se arrebatar, mesmo, sem se arrebentar, o principal. 


Beijo grande a Linda Lua Nova que ao compartilhar  vida conosco, deixa um pouco do seu brilho de lua em nós!

segunda-feira, outubro 25, 2010

EASY

É mais fácil o não compreender
dá trabalho a aceitação
A diferença pressupõe um olhar claro
sobre o eu questionando condutas
comparando valores
Não queremos uma régua
a medir os pontos fora da curva
Queremos todos estar alinhados
de mãos dadas
igual palitos de fósforos
queimados


Foto: Olhares/ChacalDiferente



domingo, outubro 24, 2010

Diário de bordo

Algumas vezes nos pegamos caminhando rápido, sem tempo para olhar os detalhes, sem tempo para dar atenção às coisas importantes e somos chamados, nosso corpo, o universo, a familia... Nesse momento temos que parar, olhar com atenção, ouvir e então perceber a mensagem. Estava caminhando tão rápido que não estava dando a devida atenção ao meu corpo, a minha saúde. O mais temeroso, meu corpo e minha saúde sou eu!!! Não estava dando a devida atenção a mim. Somos atropelados e atropelamos. Atropelamos momentos, pessoas, nós mesmos e nos perdemos... O processo de resgate é difícil, começa com esvaziar as gavetas, liberar com cuidado todas as dores, se livrar do passado e permitir que o novo se faça. Pois bem, percebi o chamado. Iniciei mudando minha alimentação, percebi que precisava desintoxicar meu corpo, colocar alimentos mais saudáveis, voltar a praticar esportes. Em um mês perdi cinco quilos, estou mais leve não só no corpo como também no espírito. É mais ou menos como no filme comer, rezar e amar, só que tudo ao mesmo tempo e agora. Precisamos ter um momento para conversar, se não for com Deus caso não acredite nele, então com você mesmo, ouvir seu interior, seus sentimentos mais profundos, ouvir seu silêncio. Essa tem sido minha reza, minha comunhão com uma sintonia mais sutil, isso me preenche e acalma.
Quanto ao amor, nesse caminho de perder os quilos, comer alimentos saudáveis, praticar esportes, comecei a olhar de forma diferente para um outro eu, comecei a perceber a beleza de ser, simplesmente ser, assim ando enamorada, muito enamorada de mim mesma.

P.S - Deixo um beijo querido e carinhoso a todos, nesse processo há ainda uma questão a ser trabalhada, o trabalho! Excesso dele, por isso a ausência no blog! Bom domingo pessoal!

domingo, outubro 03, 2010

Liberta

A luz entrava calma pela janela, caminhou até o móvel antigo e abriu a primeira gaveta. Gentilmente, abriu caixa por caixa tendo o meticuloso trabalho de desembrulhar o papel de seda, sem rasgar. E, num corajoso ato de alforria, uma a uma foi libertando, no revoar, saíram aladas pela janela todas as dores. Feliz com o gesto e consigo mesma, sorriu, caminhou até o espelho, penteou o cabelo e saiu para a manhã que a aguardava.

sábado, outubro 02, 2010

Caminhos

"Precisamos nos liberar de todas as dores, remorsos, culpas, tudo, tudo...., assim, haverá espaço para novos sentimentos". Quando Neil Young entra cantando, me dou conta que tenho dores guardadas, trancadas lá dentro. Apesar dos anos, elas ainda se encontram lá. Me pergunto o por quê, alguém poderia dizer que é para ocupar o lugar do que se foi, não sei. Mas, chorei, chorei ao me dar conta que olhar de perto essas dores ainda dói. Como bom desportista, se caio, não lamento, levanto, limpo a poeira e continuo andando. Talvez, seja esse o problema, ao me fazer de forte eu tenha trancado tão fundo as dores que agora elas estão lá ocupando espaços e eu sem saber como curá-las. Pensei que o tempo, o bom e velho amigo tempo, que tudo cura já houvesse agido. No entanto, bastou uma música e a tampa abriu e as dores voaram a minha volta. Por que guardar dores? Inicialmente, parece um passatempo mórbido, preservar restos de algo morto. Abrir uma gaveta e olhar parte de seu passado, como em um álbum de fotografias, ao invés de fotos, você toca sentimentos que machucam, páginas que se recusam em ser viradas. Talvez o exercício seja, justamente esse, olhar cada dor bem de perto, como espécime de bicho esquisito, tocar, cheirar, sentir e então deixar ir. Aprendi que para reduzir o sofrimento devemos evitar a  resistência, então neste caso aqui suponho que preciso aceitar como natural e ao olhar o bicho esquisito é normal sentir dor. Aprender é a palavra, tudo tem seu tempo, tempo de cura e tempo de criar espaços, passos gentis no caminho que trilha, "o caminho vai se fazendo ao caminhar"... Já disse algum profeta, sábio ou bêbado perdido na noite.

P.S - A música é a do filme  " Comer, rezar e amar", Harvest Moon com o Neil Young.  O filme é lento, bobo, o personagem brasileiro é horrível, mas as cenas são bonitas.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Reflexo dos astros

Talvez como fantasmas, emoções, imagens, sou perseguida, não sei bem, o sentimento é confuso....As palavras se foram ou talvez a conexão com o sentido, essas perambulam soltas sem se importar em ser ou representar... palavras sem sentido. Ao invés de escrever o que me vai na alma, acho melhor escrever sobre o poder do sol, que se dane a falta de sentido temporário ou a irritação passageira. O sol sempre brilha, o céu é sempre azul apesar das nuvens, há sempre manhãs com o seu frescor. Que eu possa me impregnar desse sentido bonito da vida e espantar o desconforto sem sentido da alma!  Talvez os astros expliquem, preciso ver meus trânsitos. O exercício é me ausentar de mim e olhar, talvez neste esforço eu consiga perceber as peças soltas e montar um lindo mosaico!

P.S - Bom dia a todos, peço desculpas pelas ausências, mas ando meio sumida, sumida também de mim... Beijos e adoro todos vocês!

quinta-feira, setembro 23, 2010

Viagem

Sou eu a correr mundo, a voar com os ares
nuvem negra poeira do cosmos
contra a ampulheta que marca
a ausência de um abrigo
corro, corro, corro
busco orientação muda dos astros
voe mais alto - aconselham as estrelas

no espelho alguém do futuro me olha
um viajante recolhe rastros no infinito
contudo, os signos nada revelam
a areia do tempo tampouco - balbuciam os seixos

no caminho trilhado
Foto: Gustavo Longo/ br.olhares.com
as marcas se foram na impermanência das horas
o vento, perdeu-se no mistério da tarde

a brisa que agita o cabelo nada me diz
no não dito do silêncio o segredo continua intocado

cansado das tantas longas histórias
navegante do tempo, das horas e sentidos
chora o corpo o descanso das almas benditas
não pode parar - avisa o tempo

como bom peregrino aguardo
calado a espera serena de um trem fantasma

a estação que se aproxima
ainda não é a minha...

domingo, setembro 19, 2010

Uma tarde no hospital

- De um a dez qual a nota pra sua dor? Pergunta uma estagiária de enfermagem.
- Não tenho dor, informo já exasperada. Tenho sim, um desconforto na alma e no corpo. Tem aí nota pra desconforto ou falta de bem estar?
- Não, ela ri.
- É então para eu mentir? Pergunto meio morta, depois de duas noites sem dormir, somente tossindo.
Ela balança a cabeça e me dá uma pulseira amarela.

Olho no quadro o arco íris em dores!!! Azul morre na espera, foi ao hospital somente pra passear; verde, deve estar doendo em algum lugar bem pouquinho, feito mordida de formiga; pulseira amarela é pra quem está sentindo uma dor média, corpo metade na geladeira metade no forno. Sempre gostei desta frase de economista, um corpo pode ter a temperatura média e estar morto! Média não diz nada, assim usemos a mediana! Voltando ao assunto, falta a dor laranja e a vermelha, que é de quem já deve estar morrendo! A enfermeira simpática me manda para a sala amarela, uma graça, a cor do quarto combina com a pulseira. Não achei o quarto laranja nem vermelho...estranho...

Fiquei umas duas horas naquela sala, alguns pacientes pareciam estar bem piores, do tipo laranja. Conheci uma senhora simpática, com pneumonia grave, adorava chopp e boemia (não é a cerveja), gostava de samba, era da velha guarda. Uma outra senhorinha parecia uma menininha, com pena dos médicos, coitados, das enfermeiras, coitadas, só não tinha pena dela que estava ali desde às nove horas da manhã, isso já era umas 4 horas da tarde.

Tirei um cochilo, acordei e pensei que estava na hora de ser atendida. Fui pro corredor para pescar um médico. Simplesmente havia três ou quatro médicos para umas trinta pessoas!!! Fui segura na minha abordagem, já aprendi, paciente não pode nunca ser coitado, fale com o médico como se fosse médico, não demonstre ter respeito pelo parco conhecimento de medicina dele!!!Questione tudo!!!! Pois bem, não sei se fui chata demais com esse médico, mas ele me isolou, me tirou da sala amarela, me deu uma máscara e me colocou em um corredor distante de todos os outros pacientes. Disse que eu estava com suspeita de gripe suína, único vírus capaz de fazer aquele estrago em minha ausculta. Incrédula e rindo muito perguntei se ele estava falando sério. Não é que estava! Informei que minha filhinha estava com a virose e que havia apanhado do pai, a essa altura o médico me olhava espantado pensando, provavelmente, em uma pandemia de gripe suína!

Fiquei 5 horas dentro daquele hospital, ao final, meu pulmão estava lindo, só de saber-me com suspeita de gripe suína, curei-me! A médica que me atendeu tinha menos de 25 anos, como todos os outro médicos! Pelo menos sai do hospital viva e com um diagnóstico não tão mal assim, uma crise de traqueobronquite aguda e prescrição de antibiótico!

Na saída perguntaram se eu trabalhava no hospital, sempre acham que sou médica, deve ser minha postura altiva de quem sabe tudo e nada, coisa de médico!!!

sexta-feira, setembro 10, 2010

Ataque e delírios

Fomos atacados, assim, vieram por todos os lados, fizeram todo um planejamento, nos pegaram desprevenidos e entraram! Estamos há quatro dias com uma baita gripe, não consigo dormir há 3 noites, tenho pesadelos, delírios da febre com trabalho, deliro com empresas e núcleos de inovação. A noite passada havia um relógio onde os ponteiros rodavam continuamente, a cada tosse uma empresa entrava no relógio, essa noite foi a bendita palavra inovação. Cara, por que não posso delirar com comida, sexo, viagens, ou então com anjos? Passar a noite toda presa em um espaço tempo circunscrito em uma palavra é pirante. Acho que esses vírus novos estão cada vez mais poderosos, a raça humana que se cuide ou então será vencida pelo vírus da gripe!

segunda-feira, setembro 06, 2010

Cortinas de Organza

Na escuridão me conforto
na gaveta fechada
entre folhas de seda
o intocado guardado
vida inteira
bem dobrada
preservada 
da vida


Choro medos antigos
emoções esvoaçantes
na janela voam sonhos
feitos de cortina de organza


Foto: Walkyria, Céu Aberto  
Hoje fui visitar o Céu Aberto  e me deparei com um texto lindo, lindo da Walkyria,  Tempo e Duração, que fala de vida, lembranças e desejos. 
Chorei horrores, ando muito emotiva. Quando voltei, tinha sentimento no peito querendo virar palavra. 
Assim, dedico esses versos a minha querida amiga Wal, mulher porreta que me emociona profundamente!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Partícula dos sentidos*



[ Reverbera em mim sonhos
uma praia azul
areias de pedras flutuantes
Reverbera em mim
o silêncio, de sentidos espiralados
reverbera em mim a loucura do encontro
reflexo da imagem reversa

o ar que infla e invade as entranhas
não reverbera
faltoso
penetra e sufoca meu eco ]

[ Enquanto me dispo
tu me olhas
olhar de pedra
na praia escura
a caravana segue
caminho contrário às ondas
manchas...
que cobrem meus pés ]

 [ noite escura
a lua de um quarto só
não ilumina
esconde
uma mulher que se prende
se perde
e se entrega...]

[ a outra metade
não é a metade de mim
se perdeu entre cores
desconstrução retilínea
de formas e irrisíveis amores

a outra metade jaz ]


* - Inspiração, que nem texto psicografado, da pena saem palavras, marcham enfileiradas e formam versos, independentes do meu querer, surgem de forma mágica ante as lindas imagens do Sr. do Vale


terça-feira, agosto 31, 2010

A incapacidade de ver

Desde sempre soube que estamos aqui por uma razão especifica, minha maior angústia era o medo de passar pela vida e não dar conta desta missão, perder o caminho.

Assim, tenho como tarefa contínua, buscar, busco significados, desenvolvimento, me busco. A percepção é que está muito perto, plausível de ser tocado. É como se esticando minha mão eu pudesse tocar e sentir, como manifestação de vida. Mas, para isso é necessário algo mais, uma compreensão maior, ter sentidos outros para ver e ouvir. É como se tudo fosse invisível e eu impossibilitada de ver. Então minha busca seria o desenvolver desses sentidos que permitiria acessar o tão perto.

Assim, continuo, buscando, e no caminho somos responsáveis por tanta coisa, há tanto trabalho a fazer. Mas, nesta busca que chamo vida, não podemos esquecer o principal, o compromisso com o nosso eu, de sermos felizes. O resto é detalhe, simples detalhe, deveríamos nos ater ao que realmente importa. Tenho pensado que poder esticar a mão e tocar depende e muito de um estado de ser feliz. Neste estado teríamos a sabedoria, sabedoria de quem vive uma felicidade continuada.

Agora, neste exato instante, o que lhe falta para ser feliz? Responda, mas se pensar bem, bem mesmo, verá que nada. Isso mesmo, nada. Se está à frente de um computador, poderia dizer uma banda larga, uma tela maior, um programa tal. Tirando isso, nada importa nesse instante para sermos felizes. Assim, não precisamos de mais nada nesse agora para ser feliz. Então por que não nos damos conta disso e vivemos em um estado de felicidade contínua? Por que somos insatisfeitos e infelizes?

Acredito piamente que é por não conseguir dar conta do momento. Dar conta de nossa existência em cada momento. Lavando a louça, fazendo um trabalho, qualquer tarefa. O nosso existir em cada segundo, a nossa conexão direta com o nosso eu.

Por alguns instantes sou feliz, sinto uma felicidade suprema, mas esta não se sustenta ou eu não sustento o estado, sou atropelada por um telefonema, a decisão contrária do chefe, erro de alguém da equipe, fechada de um taxi no transito. E, aí, perco toda a sabedoria daquele instante. Mas, realmente, essas coisas importam tanto assim? Merecem tirar nossa paz de espírito? Minha paz de espírito?

Essa reflexão é minha. Sou um ser estressado que xinga no trânsito e irrita-se facilmente. Qual a dificuldade de manter a fleugma? Por que a necessidade de xingar, dizer palavras ásperas, de defender território como se fosse guerra? Estamos fazendo tudo errado, eu estou fazendo tudo errado.

Quero o frescor das manhãs tranqüilas, o calor de um abraço amigo, a calma das tardes sombrias, a paz do momento. Por isso digo, está tudo a minha volta, na distância de uma mão que estende e ainda sim não toco.



domingo, agosto 29, 2010

Universo - Sem Serviço de SAC

Cuidado com o que pedes ao universo, desde que o universo contratou uma consultoria e adotou o modelo de excelência em gestão as coisas estão meio perigosas. “Peça e será atendido” continua a frase lema, o serviço de SAC deles nunca recebeu tantos elogios ou no meu caso, reclamação.

Desde que saiu o livro "O Segredo" e todo mundo descobriu a tal da famosa lei da atração a demanda explodiu. Está todo mundo querendo ficar milionário, famoso, lindo, as mulheres também, mas sem celulite e com marido. Não necessariamente nesta ordem, algumas querem o marido antes, sem perder a celulite!

Deixa eu explicar porque no meu caso tem reclamação, minhas vontades são mutantes, sabe, do tipo quer amarelo hoje, amanhã azul, até passar por todas as cores do arco-íris. E, tem outra coisa, eu peço sem refinar muito o pedido. Já percebi que a solicitação deve ser muito bem especificada, como cor, altura, tamanho, mundo real ou virtual, até endereço você precisa deixar claro!

Quando me separei, chorava, chorava, querendo meu ex-marido de volta. Afinal, foram 18 anos de casamento! Assim, lá pra eles (Universo) apareceu um pedido de Leonardo pra mim. Pois bem , eles atenderam, mandaram 3 Leonardos!!! Namorei os três, nenhum deles meu ex-marido!

Em outro momento queria ficar milionária, meu desejo era ganhar na mega sena! Recebi dezenas de emails me informando que eu havia sido sorteada em uma mega sena do planeta, havia ficado milionária! Até carta daqueles refugiados da África eu recebi, trocando milhões pelo número da minha conta bancaria! Virtualmente eu havia ficado milionária! Milhões e milhões, eu ria da brincadeira!

Fiquei com vontade me de casar de novo, sei lá, de repente a gente fica meio maluca, isso acontece. Não deu outra, apareceu o pretendente assim, do nada! O problema é que ele queria casar e já, não queria seguir o processo natural de conhecer, vamos ver o que vai dar..., queria casar, aí não deu... Eu não queria casar agora!

Assim, temos que ter cuidado com o que pedimos, tenho mais exemplos, mas ficaria longo, e também, tenho medo de chamar atenção do universo! Vai que ele pára de me atender. Melhor assim que nada! Somente tenho que aprender a especificar o que quero e como quero.  E vocês, sabem efetivamente o que querem e como querem? Ou o universo vai entregar o pedido errado também?!

Beijos dominicais!

terça-feira, agosto 24, 2010

Nossa busca no outro*

Esse mundo virtual é um prato perfeito para vivermos todos os personagens possíveis e imagináveis, aqui somos belos, altos, magros, íntegros etc. Escolhemos a melhor vida, a mais atraente, acrescentamos qualidades, diminuímos defeitos e..., estamos prontos! Produto acabado muito melhor que o fabricado por Deus.

Talvez, seja a promessa de sermos melhores, de termos vida mais interessante, de fazermos coisas diferentes, é a promessa de se recriar. Não é incrível, quanta porta, sonhos, economia de anos de análise essa telinha proporciona.

Realmente, que paradoxo, criamos nosso real perfeito no virtual. O único problema é que em algum momento teremos que transferir a perfeição para o real. Até lá prevalece a opção de ser você/real ou estender um pouco mais a novela criada.

Aqui podemos ser lindos e maravilhosos, não importa se não correspondemos aos ideais de beleza, porque estamos no plano virtual. Que se dane meus três olhos ou minhas verrugas ou qualquer outra coisa. A ausência de barreiras também facilita, pois cria um processo de intimidade gritante, em questão de horas se fica extremamente intimo de um inteiro desconhecido, e como, em um ato de confissão nos revelamos inteiramente, sem pudor.

Nosso interesse é limitado ao nosso discurso. A única coisa que importa aqui são as palavras, nos construimos com as palavras, sou o que escrevo e como me expresso. Não importa, se não me encaixo em padrões sociais, de qualquer ordem. Aqui, um deslize meu ou seu e o encanto (curiosidade ou/e interesse pelo mistério) desaparece. A possibilidade de desvendar ou construir o outro pelas palavras se apresenta como uma oportunidade altamente tentadora. O outro vai se descortinando aos poucos, fica na construção do idealizado. O outro é o que idealizo, na possibilidade do vir a ser.

O que nos move? Na verdade, o que nos move é a nossa eterna busca por nós mesmos. A busca pelo outro se revela efetivamente interessante, a partir do momento que o que nos fascina no outro é a nossa semelhança, a possibilidade do nosso reencontro. Que louco não, nos interessarmos por nós mesmos, enquanto no outro. Por que será que precisamos de referências externas, por que precisamos de espelhos? É meio narcisita não? Gostar do outro quando o outro se revela tão próximo de minha imagem.

O problema é a transferência para o real, as pessoas criam um mundo perfeito no virtual, relações perfeitas e tentam reproduzi-los no real. É complicado, mas como somos otimistas irrecuperáveis, acreditamos, bem lá no fundinho, que conseguiremos de alguma forma, criar o mundo perfeito, encontrar o amigo perfeito, um amante perfeito ou no melhor dos mundos nossa alma gêmea. Agora, isso já é assunto para outro post.

* - Reeditado. Peço desculpas pela ausência de textos, sinto muitas saudades de todos, sinto saudade de lê-los, de visitá-los, quando finalmente coloco as crianças pra dormir eu caio no sono com elas e não consigo entrar no blog. Um beijo grande a todos! 

sábado, agosto 14, 2010

Tarde em mim

À parte de mim
busco o que me causa espanto
a serenidade do mundo
perdida em uma tarde remota
onde todas as vozes são silêncio

onde a pedra é uma pedra
e a sombra uma sombra

quando o último pedido, é o esperar calmo
da morte do dia
o sol se pondo sobre as montanhas
repetindo o mesmo ritual de tantos outros dias

à parte de mim
busco a paz do chorão tranquilo
que chora mansinho sobre o riacho

o existir plácido das horas que findam
nas folhas da tarde
e morrem no último adeus

sexta-feira, agosto 13, 2010

Nuvens



[...Você é sol
Quando sou nuvem
você chove...]


[...nuvem que passa
não brancas nuvens
ou nuvem passageira
ser passageira, nas nuvens...]


P.S - Meus queridíssimos, não estou tendo tempo de visitá-los, mas gostaria de dizer o quão emocionada fico com todos os comentários carinhosos. Nessas manhãs frias, dias de muito estresse, as palavras de vocês me envolvem que nem cobertor, desejo de ficar aninhada entre elas. A cada dia me surpreendo mais com o carinho, atenção, amor e vida distribuídos aqui nesse espaço. Um grande beijo em todos!

terça-feira, agosto 10, 2010

A surpresa do sentir compartilhado

        A manhã que me sorri, é a mesma manhã que foi lhe dar bom dia. Abrimos os braços para os mesmos raios de sol. Nosso sentir é compartilhado, o sentir é sempre o mesmo, mas a forma do sentir pensava eu ser única, e agora vejo que não, visito cantos onde reconheço palavras, sonhos e temores.
        Minhas buscas, já foram suas ou serão de outros, nossos caminhos se cruzam, na poeira do tempo, do acaso, coincidências ou não...
        Mas, a certeza de estarmos de mãos dadas caminhando juntos.

domingo, agosto 08, 2010

Dias genéricos

Estava cansada da morte, decidiu que haveria de viver, sua opção era a vida. Viveu fundo a morte, foi triste, foi trágico, agora que acabou pensou em como viver. Primeiro viveu o luto, no inicio tentou negá-lo até que chegou tão fundo que sangrou, sangrou todas as dores, doeu fundo a solidão, a ausência. Talvez, lá no fundo houvesse um desejo de morte, mas se descobriu viva. Aí, teve medo da morte ser contagiosa, fez todos os exames, doía todos os órgãos, morria de medo do fígado e depois o intestino. Tanto procurou que descobriu hemangiomas, cistos e um puta medo de viver só. Estava só, ele havia ido embora, partido, todos aqueles meses, médicos, hospitais, cirurgias, e agora nada. Descobriu que não tinha nada, nada, nada que pudesse preencher, dar conta daquela ausência, se deu conta que a única coisa que tinha era seu próprio sentimento. O sentimento do outro fica com outro, o que nos alegra na relação é o saber amada. Assim, se deu conta de que estava só, e naquele momento a dor se fez mais forte. Não queria saber do seu amor, não queria sabê-lo presente. Tempos difíceis. Ainda bem, que o tempo passa, as estações passam e mudam as folhas, o céu fica mais azul e o sol tem o poder de nos aquecer. Hoje quando olha o ontem, ainda é visitada por um certo tipo dor, na verdade, não bem uma dor, uma saudade incômoda. Mas, quando se olha no espelho se vê mais forte, mais feliz e crescida. Mudou, tornou-se mais generosa, solidária, compreendeu o valor do tempo presente, do agora, o valor do eu te amo, do carinho. Ao longo do caminho as folhas caem, hoje os passos são mais silenciosos, a água do riacho corre e a brisa é fresca. Assim, quando é visitada por essas lembranças, abre as janelas do coração, deixa o sol entrar e aquecer tudo, o azul inunda, o verde cura e nesses momentos ela agradece a Deus pela vida, tão linda e tão preociosa.

P.S - Feliz dias dos pais!

quinta-feira, agosto 05, 2010

Relógio



Deslizo a mão suavemente pela textura vaga dos dias
o andar calmo a pretender silêncios outros
olho displicentemente o mundo
com a paciência de quem já viveu
todas as dores

o relógio não marca vida vivida
somente as horas





terça-feira, agosto 03, 2010

Silêncio

a pena pesa a mão e enfraquece a escrita
a dor de uma alma agonizante reverbera entre as paredes
não se ouve o grito do vazio
o silencio escuro invade a tarde, rasgando a retina
preenche pele, poros, e uma velha carne pelo tempo amortecida
sou silencio surdo, mais que ausência de palavras
no espelho, a dor não reflete
aflige um corpo sem memória

em algum lugar uma gota seca em cair insiste
uma fumaça de cigarro no ar tremula
e uma ferida sangra dias não vividos

Convite

E o dia me invade tão de mansinho, que nem é uma invasão, é convite, convite pra brincar! Então, aqui cabe um convite reeditado!


Vem comigo
Vamos brincar de colher flores
Passear pelo bosque
Deitar na relva verde e sorrir para o sol
Vem que a vida não espera
Vamos correr pelos jardins do mundo
Passear entre as estátuas e a hera
Vem, vamos brincar com o vento
Que a flor nos chama e avisa
a vida é o agora
Não vamos ficar parados
a vida é breve e o tempo corre
Anda, não chore
Pois não o deixarei só
Brincaremos e seguiremos juntos
Ficarei ao seu lado e velarei seu sono
Por toda a madrugada até o amanhecer
Anda, o dia já acordou
E este nos espera
Há parques, jardins e
A menina na janela
O raio de sol nos apressa, vamos
Acorda do seu sono
Esqueci de contar um segredo
A vida pode ser perene
Mas, eu
Sempre serei, seu eterno poema

*P.S - Bom dia a todos! Que a palavra nos leve, por planícies, mundos distantes, cavalgando cavalos ou o vento! Vamos, o dia nos chama! beijo grande

domingo, agosto 01, 2010

O vento...

Era somente uma tarde
quando o vento chegou, vinha das planícies distantes
entrou pela porta
soprava frio e solitário
mas, ele não falava a língua dos ventos e nada entendeu
o vento soprava as folhas que rodopiavam a sua volta,
às vezes, o vento era aragem lenta a acariciar seu cabelo
se enfurecia, era tempestade de areia
os dias transcorriam e a cortina bailava solo
o vento, a lhe fazer companhia
quando caía a noite
uma brisa cálida eriçava-lhe os pelos
além das estrelas e do lamento da lua
dormia embalado pelo uivo do vento
se sentia calor
o vento trazia-lhe o ar fresco das montanhas
no inverno, era aquecido pelo ar seco e quente do deserto
era sempre o vento
eterno companheiro do momento

mas, embora a presença do amigo nesses anos todos
nunca procurou falar a língua do vento
um dia, acordou e olhou pela janela
as folhas não mais tremulavam
a cortina, era só a cortina
chamou, chamou, chamou
e, então percebeu
a porta aberta
estava só

o vento nem havia se importado em bater a porta.


sábado, julho 31, 2010

Sonhar o ser

Quando criança
sonhava muito...
falar vários idiomas...
viajar a todos os mares...
quis ser cientista
pra dissecar cadáveres,
conhecer extraterrestres,
viajar pra um planeta distante...

maior,
pensei em ser banqueira,
pra me tornar milionária,
artista plástica,
pra colorir o mundo,
aeromoça,
pra cortar os ares,
já quis ser puta,
pra ter todos os amores,
médica,
pra curar as dores,
já quis ser freira,
e orar pelo mundo,
pedir carona que nem vagabundo,

em todos os meus sonhos,
representava eu um papel,
bandida, a vilã ou então a mocinha,
nunca pensei ser simplesmente eu,

hoje, após tantos anos,
continuo querendo muito,
mas, se alguém me perguntar sobre o que ser,
tenho eu outra resposta,

um eu grande...