quarta-feira, setembro 29, 2010

Reflexo dos astros

Talvez como fantasmas, emoções, imagens, sou perseguida, não sei bem, o sentimento é confuso....As palavras se foram ou talvez a conexão com o sentido, essas perambulam soltas sem se importar em ser ou representar... palavras sem sentido. Ao invés de escrever o que me vai na alma, acho melhor escrever sobre o poder do sol, que se dane a falta de sentido temporário ou a irritação passageira. O sol sempre brilha, o céu é sempre azul apesar das nuvens, há sempre manhãs com o seu frescor. Que eu possa me impregnar desse sentido bonito da vida e espantar o desconforto sem sentido da alma!  Talvez os astros expliquem, preciso ver meus trânsitos. O exercício é me ausentar de mim e olhar, talvez neste esforço eu consiga perceber as peças soltas e montar um lindo mosaico!

P.S - Bom dia a todos, peço desculpas pelas ausências, mas ando meio sumida, sumida também de mim... Beijos e adoro todos vocês!

quinta-feira, setembro 23, 2010

Viagem

Sou eu a correr mundo, a voar com os ares
nuvem negra poeira do cosmos
contra a ampulheta que marca
a ausência de um abrigo
corro, corro, corro
busco orientação muda dos astros
voe mais alto - aconselham as estrelas

no espelho alguém do futuro me olha
um viajante recolhe rastros no infinito
contudo, os signos nada revelam
a areia do tempo tampouco - balbuciam os seixos

no caminho trilhado
Foto: Gustavo Longo/ br.olhares.com
as marcas se foram na impermanência das horas
o vento, perdeu-se no mistério da tarde

a brisa que agita o cabelo nada me diz
no não dito do silêncio o segredo continua intocado

cansado das tantas longas histórias
navegante do tempo, das horas e sentidos
chora o corpo o descanso das almas benditas
não pode parar - avisa o tempo

como bom peregrino aguardo
calado a espera serena de um trem fantasma

a estação que se aproxima
ainda não é a minha...

domingo, setembro 19, 2010

Uma tarde no hospital

- De um a dez qual a nota pra sua dor? Pergunta uma estagiária de enfermagem.
- Não tenho dor, informo já exasperada. Tenho sim, um desconforto na alma e no corpo. Tem aí nota pra desconforto ou falta de bem estar?
- Não, ela ri.
- É então para eu mentir? Pergunto meio morta, depois de duas noites sem dormir, somente tossindo.
Ela balança a cabeça e me dá uma pulseira amarela.

Olho no quadro o arco íris em dores!!! Azul morre na espera, foi ao hospital somente pra passear; verde, deve estar doendo em algum lugar bem pouquinho, feito mordida de formiga; pulseira amarela é pra quem está sentindo uma dor média, corpo metade na geladeira metade no forno. Sempre gostei desta frase de economista, um corpo pode ter a temperatura média e estar morto! Média não diz nada, assim usemos a mediana! Voltando ao assunto, falta a dor laranja e a vermelha, que é de quem já deve estar morrendo! A enfermeira simpática me manda para a sala amarela, uma graça, a cor do quarto combina com a pulseira. Não achei o quarto laranja nem vermelho...estranho...

Fiquei umas duas horas naquela sala, alguns pacientes pareciam estar bem piores, do tipo laranja. Conheci uma senhora simpática, com pneumonia grave, adorava chopp e boemia (não é a cerveja), gostava de samba, era da velha guarda. Uma outra senhorinha parecia uma menininha, com pena dos médicos, coitados, das enfermeiras, coitadas, só não tinha pena dela que estava ali desde às nove horas da manhã, isso já era umas 4 horas da tarde.

Tirei um cochilo, acordei e pensei que estava na hora de ser atendida. Fui pro corredor para pescar um médico. Simplesmente havia três ou quatro médicos para umas trinta pessoas!!! Fui segura na minha abordagem, já aprendi, paciente não pode nunca ser coitado, fale com o médico como se fosse médico, não demonstre ter respeito pelo parco conhecimento de medicina dele!!!Questione tudo!!!! Pois bem, não sei se fui chata demais com esse médico, mas ele me isolou, me tirou da sala amarela, me deu uma máscara e me colocou em um corredor distante de todos os outros pacientes. Disse que eu estava com suspeita de gripe suína, único vírus capaz de fazer aquele estrago em minha ausculta. Incrédula e rindo muito perguntei se ele estava falando sério. Não é que estava! Informei que minha filhinha estava com a virose e que havia apanhado do pai, a essa altura o médico me olhava espantado pensando, provavelmente, em uma pandemia de gripe suína!

Fiquei 5 horas dentro daquele hospital, ao final, meu pulmão estava lindo, só de saber-me com suspeita de gripe suína, curei-me! A médica que me atendeu tinha menos de 25 anos, como todos os outro médicos! Pelo menos sai do hospital viva e com um diagnóstico não tão mal assim, uma crise de traqueobronquite aguda e prescrição de antibiótico!

Na saída perguntaram se eu trabalhava no hospital, sempre acham que sou médica, deve ser minha postura altiva de quem sabe tudo e nada, coisa de médico!!!

sexta-feira, setembro 10, 2010

Ataque e delírios

Fomos atacados, assim, vieram por todos os lados, fizeram todo um planejamento, nos pegaram desprevenidos e entraram! Estamos há quatro dias com uma baita gripe, não consigo dormir há 3 noites, tenho pesadelos, delírios da febre com trabalho, deliro com empresas e núcleos de inovação. A noite passada havia um relógio onde os ponteiros rodavam continuamente, a cada tosse uma empresa entrava no relógio, essa noite foi a bendita palavra inovação. Cara, por que não posso delirar com comida, sexo, viagens, ou então com anjos? Passar a noite toda presa em um espaço tempo circunscrito em uma palavra é pirante. Acho que esses vírus novos estão cada vez mais poderosos, a raça humana que se cuide ou então será vencida pelo vírus da gripe!

segunda-feira, setembro 06, 2010

Cortinas de Organza

Na escuridão me conforto
na gaveta fechada
entre folhas de seda
o intocado guardado
vida inteira
bem dobrada
preservada 
da vida


Choro medos antigos
emoções esvoaçantes
na janela voam sonhos
feitos de cortina de organza


Foto: Walkyria, Céu Aberto  
Hoje fui visitar o Céu Aberto  e me deparei com um texto lindo, lindo da Walkyria,  Tempo e Duração, que fala de vida, lembranças e desejos. 
Chorei horrores, ando muito emotiva. Quando voltei, tinha sentimento no peito querendo virar palavra. 
Assim, dedico esses versos a minha querida amiga Wal, mulher porreta que me emociona profundamente!

quinta-feira, setembro 02, 2010

Partícula dos sentidos*



[ Reverbera em mim sonhos
uma praia azul
areias de pedras flutuantes
Reverbera em mim
o silêncio, de sentidos espiralados
reverbera em mim a loucura do encontro
reflexo da imagem reversa

o ar que infla e invade as entranhas
não reverbera
faltoso
penetra e sufoca meu eco ]

[ Enquanto me dispo
tu me olhas
olhar de pedra
na praia escura
a caravana segue
caminho contrário às ondas
manchas...
que cobrem meus pés ]

 [ noite escura
a lua de um quarto só
não ilumina
esconde
uma mulher que se prende
se perde
e se entrega...]

[ a outra metade
não é a metade de mim
se perdeu entre cores
desconstrução retilínea
de formas e irrisíveis amores

a outra metade jaz ]


* - Inspiração, que nem texto psicografado, da pena saem palavras, marcham enfileiradas e formam versos, independentes do meu querer, surgem de forma mágica ante as lindas imagens do Sr. do Vale