terça-feira, junho 29, 2010

Amor inventado

Quisera ser amor
como amor pudera
haver pretendido

Minh´alma chora
ausência nunca existida
posto lugar, espaço
nunca se quer ocorrido

A árvore chora folhas secas
que leva o vento 
o inverno perdido

Teus olhos me encontram
e dizem um tudo
em mudas palavras

Tuas mãos me buscam
no acaso
de gestos cegos

Sinto uma falta calada
de diálogos jamais conversados
de um tempo nunca vivido...


segunda-feira, junho 28, 2010

Falta de sintonia

As palavras não acompanham o discurso
fogem rebeldes rejeitando definições
o discurso tão pouco, segue os atos
ou, talvez, os atos abandonaram o discurso ao longo da via
andam a esmo agora, sem bussola ou mesmo um GPS

discurso sem palavras
atos ausentes de discursos
palavras vazias de atos
equação que não se fecha

atos, discursos e palavras
que seguem por vias distintas

precisa-se de domadores
domadores de palavras
pede-se o uso da não violência
palavras são frágeis e sensíveis
apavoradas, podem se perder

pede-se também rastreador de atos
fundamental seguir trilhas passadas, presentes, quiçá até futuro
que saiba interpretar pegadas e rastros deixados na poeira do acaso

para finalizar, uma boa costureira
dessas bem prendadas
para fazer um bonito patchwork
pede-se que seja atenta aos detalhes
tenha harmonia e equilíbrio na composição

Tenho certeza, que com linha e agulha
minhas palavras presas ficariam ao discurso
e, este, circunscrito, à mandala de meus atos

P.S - Esse poema saiu mais como um grito de guerra quando tudo estava desencontrado. Somente aqui caberia o domador de palavras. Porque na minha vida, não há espaço pra domadores, nem de palavras, nem de atos, muito menos de sentimentos. Sou um ser rebelde por natureza, selvagem, tal como as palavras, quero viver solta, livre, como num verso sem rima. 


Eu sou *

Há momentos que sinto o amor tão forte, 
mas tão forte, que amo tudo, as árvores, 
o poste, a brisa, a pedra. 
Me enlevo com a simples sombra, 
com o tremular da folha, com o inseto que voa. 
Busco os detalhes a minha volta e suspiro. 
Nesses momentos uma felicidade imensa me invade, felicidade de vida, de comunhão. 
Fico leve que nem nuvem, tão leve que suspiro fundo o céu. 
Nesses momentos tenho um sentimento maternal pelo mundo, me sinto meio mãe da terra, 
do planeta, com todas as obrigações 
de mãe... acalentar, alimentar, proteger... 
Sou tão mãe que me acalmo, a paz da 
serenidade materna. 
Nesse momento tão único, 
completo e breve, eu vejo, percebo, perdôo, pertenço e entendo. 
Nesse momento Eu Sou!


* - Momento de estar sendo!!!



domingo, junho 27, 2010

Espectro da alma


pós noite de tempestade
me abro ao sol pra secar toda chuva que há em mim

na janela da minha alma se forma o mais lindo arco-íris



 


P.S - saiu esse poeminha curto enquanto acordava, esse vai pro Ge. que nos inspira com seus poemas lindos lá no sem catraca

sábado, junho 26, 2010

Multivíduos ou A nova Teoria da Relatividade Existencial

Multivíduos ou A nova teoria da relatividade existencial


Somos multi, multi indivíduos,
acompanhando a lógica do multi universo

Descobriu-se, apesar das não provas,
que o universo não é mais uni,
agora, é multi, assim é multiverso

E, nós seres,
assim como o universo, não somos mais INDIVÍDUOS
somos multivíduos, multi nos vários papéis que desempenhamos

Será aqui também a soma das partes maior que o todo?

A soma dos vários EUS em nós é maior do que o meu EU, único indivíduo?
equação interessante...
basta matematizar a construção do eu e minha atuação dentro deste universo múltiplo que encontro minha fórmula.

Múltiplos eus em Múltiplos universos

Afinal, quem somos? 
podemos nos desfazer das várias camadas assumidas,
como papéis personagens de mundos distintos?

Dentro do nosso eu habita um sistema complexo,
vários papéis, interações com seus outros papéis,
interações de seu outro eu, a cada interação há uma construção nova,
nova variável que não pode ser desassociada de você.

Interações coexistem, simultâneas nos vários papéis,
teoria dos conjuntos, conceitos primitivos,

alguns são eventos excludentes outros não...

Como coabitar dentro de mim tantos eventos? alguns excludentes...

Explica-se aí as culpas das noites de cada um...

Posso efetivamente me despir de minhas várias camadas, e me apresentar desnuda de mim?

Há um conjunto vazio? 


O meu conjunto vazio não se apresenta vazio, a minha essência desnuda, talvez, minguada, tal qual um individuo de Biafra não é vazia, é conjunto universo.




Não se fazem mais mulheres como antigamente

Estava eu no café da manhã conversando com meu filho de nove anos sobre sua paixão não correspondida na escola.
- Mãe, a Julinha me pede beijos na bochecha...
- É mesmo, Thomaz? e você dá?
- Dou. Eu já assumi que gosto dela.
- E ela, gosta de você?
- Não, ela disse que não, mas no recreio vive correndo atrás de mim e coloca a mão em mim o tempo todo, mesmo assim, ela fala que não gosta de mim!
Fiquei com peninha dele, e tentei ensinar-lhe o que fazer, o que funciona com as mulheres, mas ele muito sério disse:
- Mamãe não adianta, não se fazem mais mulheres como antigamente! Não tive o que dizer, e escondendo o riso acabei concordando com ele, é, não se fazem mais crianças como antigamente!


terça-feira, junho 22, 2010

Corvos e Girassóis

A

imagem surge trazendo uma ruína no canto esquerdo do quadro
ruína de casa branca antiga, sem telhado, porta ou janelas
sem qualquer referência de passado, nenhum vestígio de história...

o sol incide a sombra na parede em queda
a sombra na pedra
o ar ainda úmido preserva o orvalho
manhã de nove horas 

Mais ao norte se estende o campo de girassóis
pintura espontânea nascida de uma palheta celeste
o céu de um azul puríssimo lembra a cor dos olhos dos anjos, 
anjos nórdicos, diferente dos anjos latinos ou asiáticos

Na mesma cena ao fundo grasnam corvos aos bandos
pintam o céu em uma nuvem que se aproxima
Sobrevoam o campo, e em permanente estado de luto, tristes, fogem do inverno.


À margem da imensa melancolia do revoar 
perdura a plasticidade da cena
os corvos grasnam a solidão da alma
o frio do inverno
a dor de existir

Fugiram de outro conto talvez
entre um virar de páginas e o molhar de dedos
e por certo, como libertos recentes não sabem aonde ir

Revoam aos bandos, fogem do quadro

Buscam melhores campos, paragens, memórias de outras histórias 
a mesma cena repetida a cada ano 
um parque, um jardim, umbanco,
talvez, em outro conto

uma mulher, os espera...


P.S - O poema homenagem feito a Van Gogh, talvez em todos nós resida um pouco de solidão e melancolia, um buscar de vida ou então um perder de vida.


segunda-feira, junho 21, 2010

Lua caolha

único olho do céu a me olhar languidamente
um circulo brumoso aumenta o mistério
a pálpebra pesada cai sobre o olhar
lembrando uma amante cansada de um velho bordel

eu e a lua
dama caolha, e eu
caolha também, de sentimentos e coração
companheiras na noite

meu peito é todo escuridão
infinito de um céu imenso

meu coração, como lua crescente
inunda meu peito,

e
             brilha,
                                caolho e solitário.


P. S - Ontem quando fui dormir a lua me incomodou, seu olhar invadia meu quarto como uma vizinha curiosa e indiscreta, lhe percebi languida e solitária, como um grande olho flutuante no céu. Cansada, dei-lhe as costas e fui dormir, mas hoje quando acordei seu olhar solitário ainda me acompanhava. Assim, para expiar minha culpa de faltosa à lua, lhe fiz um poema. Beijos Lua.

sábado, junho 19, 2010

Nós seres comedores *

Quem me conhece acompanha minha luta, batalha interna em me tornar um ser mais evoluído, integrado à natureza, e, no meu caso, vegetariano. Há uns 9 anos que vivo entre estar vegetariano e onívoro. Sim, estar, um amigo disse que eu não era vegetariana, estava. Ele estava certo, nesses nove anos nunca fui totalmente vegetariana.

Tudo começou na gravidez, fui fazer yoga e tive oportunidade de conviver com seres mais evoluídos, que se preocupam com o planeta, energias e seres vivos não comestíveis. Sou uma pessoa altamente influenciável, ainda bem, na adolescência minha mãe vivia me dizendo para olhar as companhias, e eu morria de medo das más companhias que comiam criancinhas. Assim, passei incólume pela adolescência, sem ter comido criancinha alguma, isso só foi acontecer mais tarde, na fase adulta.

Pois bem, nesse grupo comecei a ter preocupações com alimentação, arroz cateto, feijão azuki, algas, pastas de soja, pão sem glúten, clorofila, e por aí vai. Sou extremista do tipo radical, quando mergulho, mergulho fundo, não dou vôos rasantes. E assim, fiquei mais radical dos mais radicais, parecia que tinha nascido vegetariana.

Tudo piorou quando influenciada por um amigo, comecei a querer me alimentar com comida crua, esse então comia pão assado no calor do sol. E, o interessante é que uma viagem leva a outra viagem e a outra, sempre com companheiros de viagem mais interessantes, que contribuem para encher nossa maleta de viagem cada vez mais com esquisitices. Dessas minhas viagens comecei a beber água com argila que é excelente, carvão vegetal em pó, clorofila, suco verde, babosa etc.

Recentemente, não tão recentemente, desde que me separei, venho tentando manter a alimentação mais saudável e não comer seres vivos com mobilidade.(Segundo um amigo, ele é carnívoro porque é contra comer seres imóveis, os vegetais nada podem fazer para fugir a nossa caçada). Mas, digo que é difícil, fico sempre na linha tênue em ser mais evoluída e me levar pelos anseios primitivos da carne que me acometem. Assim, venho alternando períodos evoluídos com períodos de barbárie (desculpem-me, seres comedores de carne), mas é assim que me sinto.

Toda vez que acho que estou caindo em tentação entro naqueles sites vegetarianos que mostram porquinhos, vaquinhas, pintinhos com as histórias mais tristes e eu choro horrores (meus filhos já até sabem e perguntam - mãe, você esta vendo a vitela de novo!?). Depois, saio renovada e fico ainda mais determinada a não me deixar levar pelos meus instintos de predadora. Visitar esses sites aplaca minha fome de carne, mas da última vez, não adiantou muito...


A primeira vez que sucumbi, eu já estava há um bom tempo sem comer carne e vivia sonhando com bacon, presuntos e costelas. Verdade, tinha um sonho que era recorrente, uma festa romana com bailarinas em roupas esvoaçantes dançando com pernis assados em bandejas. Não me pergunte o porquê das bailarinas, nem eu nem a analista decodificamos o sonho.

Nessa época eu tive uma gastroenterite braba, quase morri (sou exagerada) fiquei três dias comendo papa de arroz sem tempero e óleo algum. No terceiro dia, tonta de fome fui ao supermercado comprar alimentos, e sem me dar conta me peguei parada em frente à seção de frios, fiquei namorando todos aqueles pastramis, presuntos, parmas e mortadelas. Não agüentei muito tempo, comprei meio quilo de alguma coisa vermelha, cheirosa e saborosa, não esperei nem chegar em casa, comi uns 3 sanduíches no estacionamento. No dia seguinte comi feijoada e no terceiro dia, um joelho de porco em um maravilhoso restaurante alemão. E o pior, é que não senti nada, nada, nenhum mal estar, absolutamente, nada, nada que pudesse dar forma ou cor a uma possível culpa de comer meus irmãozinhos.

Os amigos deliram de felicidade quando você cai em tentação, é como se você tivesse uma doença grave, e, de repente, estivesse livre da morte. Não entendo.

A carne de vaca eu não como até hoje, mas, de carne branca passei a comer carne bege, mais recentemente rosa e laranja. Já me percebi relativizando e reclassificando, o camarão é quase um vegetal, poderia ser uma planta, a lagosta também não conta, o peixe é peixe e Jesus distribuía, assim, não tem problema.

Da última vez, voltar a comer carne foi uma decisão do universo e não minha. Eu estava novamente sonhando com carne, me sentindo comendo picanha, mas, resistia bravamente, até um sábado que passei novamente por um jejum forçado. Cheguei em casa querendo enfiar o pé na jaca, liguei para uma amiga que estava passando mal, fiquei com preguiça de sair e acabei pedindo uma pizza. Consegui resisti à tentação de pedir uma pizza de peperoni e pedi uma de escarola, bem vegetariana!

Trinta minutas depois eu abro a caixa e meus olhos se arregalam, na caixa havia as mais lindas rodelas de lingüiça calabresa! Nem pensei em ligar e reclamar, pacientemente retirei cada rodela, uma a uma. Até que percebi meu dedos sujos e fui lamber as pontas, senti o sabor da lingüiça, lambi mais uma vez. Por fim, decidi lamber as próprias rodelas! Lambi umas quatro, na quinta decidi que poderia mastigar. Arrependida e com culpa cuspi a carne, mas engoli o sumo.... Olhei bem, olhei de novo e em um gesto repentino e impulsivo peguei todas as rodelas e joguei de volta na pizza. Enrolei bem e comi tudo, a pizza inteira, gigantesca, sozinha recheada de calabresa! (acho que nunca mais vou ter coragem de olhar um porco nos olhos novamente)

Como o meu amigo havia dito, não existem coincidências e temos que entender as mensagens do universo. Como ser inteligente (tudo bem, não entendi a geladeira), mas essa mensagem aqui era clara. A carne tinha chegado como um sinal do céu, como um presente para mim, e presentes a gente não questiona, ainda mais presente do universo! Assim, estou mais uma vez às voltas com meu lado bárbaro e comedor de seres (não por muito tempo, já que minha consciência e culpa não permitem), mas, até lá vocês, caros amigos, poderão ter o prazer de me convidar para um churrasco.






Tirinha do Sapobrothers


* Reeditado - Estou sentindo necessidade de rir, de derreter um pouco a neve branca que cobre essas paredes do blog! (Derreti, tanto que pintei as paredes de arco-íris)


Grande beijo a todos!

quarta-feira, junho 16, 2010

Paixão

Suspensa
de tudo
Suspensa
de mim

A alma num exercício de liberdade
Pede permissão para se ausentar do corpo

O corpo num exercício de vida
Pára e lembra-se de respirar
Por um breve segundo
Breve
Havia esquecido de buscar o ar
Busca lá dentro, bem fundo
Não no peito, mas na alma

Esta, liberta que estava
Saiu para passear
Saiu para ver as flores
o céu azul...
o cheiro de jasmim...
Relembrar teus olhos

Pobre alma 
perdida que estava
Esqueceu de voltar

Ando apaixonada..., minha alma tal qual no poema.... Às vezes, esqueço de respirar, deixo esse exercício aos mortais... Alcei voo e caminho agora entre as estrelas. O objeto da paixão? Pouco importa. Amo tudo e a todos, a vida, as flores, o ar. Carrego em mim um sentimento etéreo, ausente de formas... Na angústia de entender, preencher, recolho as margaridas do campo e coloco no peito, enfio fundo fazendo um tampão. Agora sim, tenho em mim, além das dores, todas as flores do jardim...

terça-feira, junho 15, 2010

A maldição de Graham Bell *

* Eu sei que é longo, eu sei que não é poesia, mas tenha força, coragem, disposição e leia (rsrsr)! Bom dia de qualquer forma, pra você que chegou até aqui!


Acredito realmente que tudo é energia e estamos conectados. Neste caso aqui, eu e os eletrônicos. Outro dia, um amigo recente disse que precisamos perceber as mensagens do universo, já que as coincidências não existem.

Pois bem, preciso de ajuda. Primeiro, descobri que tenho a maldição de Graham Bell, é isso mesmo, fui amaldiçoada por Graham Bell. Estou fadada por quanto existir a ter problemas eternos com os telefones, e não somente os celulares, os fixos também. Até aí nada, você pode dizer que não é surpresa dado o nosso serviço de telefonia. Esse ano, em curto espaço de tempo, troquei de telefone 4 vezes.

O primeiro pregava peças, você discava para alguém, o telefone completava a ligação e quem atendia era outra pessoa. Ele tinha vontade própria, ligava sozinho como também desligava na cara da pessoa. De uma grosseria impar. Não ligava para ninguém que começasse com as 6 primeiras letras do alfabeto, nem para alguns números. Assim, minhas ligações ficavam limitadas a alguns números cabalísticos ou o que me restava do alfabeto. As pessoas reclamavam “você não liga mais pra mim”. Mas, como explicar que a culpa era do aparelho. Mensagens na secretária? Estas nunca chegavam, e se chegavam, chegavam depois da reclamação de que eu não havia retornado. Desisti! Fiquei com a pecha de que sou um horror, que não sei usar celular, não atendo, não retorno etc...

O segundo, um palm magnifico, falava como todo bom telefone, além das mil e uma utilidades que eu nunca cheguei a descobrir. Também cozinhava, pregava botões e de tanto cair no chão desistiu de ser telefone. Só queria saber de tirar fotos, até atendia uma ligação de vez em quando, mas a coisa dele mesmo era fotografia. 

O último durou um mês, e num ato total de rebeldia mantém em sua tela de cristal liquida uma imagem abstrata linda, digna de museu de arte moderna. Assim, não sei quem está me ligando nem sei se estou ligando para o numero correto, mensagens nem pensar, só vejo um envelope azul piscando.

O fixo durante 3 meses fazia conference call com a vizinhança, primeiro com o pessoal do prédio, depois se aventurou pras redondezas e foi para bairros distantes. O bom é que as pessoas são simpáticas, compreendem, desligam, te ajudam, teve um que até fez a ligação pra mim. Mas, os meus problemas com telefone incluem também perda, assaltos, mergulho no vaso sanitário, refrigerantes e coisas mais. Por isso, a cisma da maldição...

Esse meu amigo que entende de coincidências, disse que eu preciso compreender as mensagens. Eu ainda não entendi!?E, o pior é que as mensagens continuam chegando!!!! O rádio do meu carro também não quer ser rádio, só mostra as horas... há também a máquina fotográfica..., o depilador... e sei lá mais o quê.

E, agora a geladeira, ela está tentando fazer contato comigo! Eu sei, eu sei pela insistência! Mas, meu Deus, eu não falo língua de geladeira e a assistência não funciona finais de semana e feriados.
Ela apita ininterruptamente (agora está silencio, de vez em quando ela cansa e pára, dá até pena), e acende umas luzinhas. Obviamente, como mulher antenada e esclarecida busquei manual, site, fóruns e nada. Há todo um padrão de apitos, eles tocam em uma freqüência crescente, aceleram, diminuem e depois param. Cansada, sem compreender, desliguei a pobre da tomada, acabei esquecendo e hoje de manhã quando me lembrei fui correndo ligá-la. Tentou novamente em seus esforços refazer os contatos, mas acho que desistiu, já que há um bom tempo não mais apita.

Outro amigo, disse que o que eu precisava mesmo era de um marido. Não sei... Será que os maridos captam as coincidências do universo e as traduzem? Nunca ouvi falar isso, mas soube que um bom marido, daqueles bons, sabe usar a caixa de ferramentas... 

Assim, sem marido, estou eu aqui a me perguntar, que coincidências são essas? Que mensagens são essas que me chegam e não percebo? Por favor, aceito conselhos, sugestões e o telefone de uma assistência técnica. 

domingo, junho 13, 2010

Mulher

sou mulher,
m  u  l  h  e  r,
palavra que sugere
entre outras coisas
uma vagina, cheiros 
pelos e seios

sou além da palavra
não me defino em comportamentos
em vestidos, pernas cruzadas
afazeres domésticos
filhos que ainda não tive

meu significado?
Indefinido....
todavia busco...
arduamente, 
manhã, tarde e noite,
um espelho atrás da imagem
uma rota, solução, resposta
uma via que conduza ao eu
idealizado, sim!
caso contrário
o teria encontrado
busca frenética
trabalho, academia, casa
amor, sexo, lazer, dever,
eu,
eu...

sinto, busco
choro, rio...

Título branco

Oh Deus, o que significa o branco?

Se o branco não é a ausência da cor..., é o conjunto de todas as cores, ...como fica então..., o branco da folha..., o branco da página..., o branco da vida?

questões...

Talvez a terra não desse voltas em torno de si, se tivesse aonde ir
Talvez eu pudesse colher rosas, se houvesse um jardim
Que cor seria o céu, se não fosse azul

I wasn’t at home last night

(poesia matinal de alguém com problemas biliares) não terminada

queria acordar azul
e descobrir o mundo verde
quem sabe, em meio as cores

eu pudesse dar conta
do meu jeito torto de ser...

ou então, ter uma palheta colorida!

sexta-feira, junho 11, 2010

Completude

Vida
que se resume no instante

não há dor, não há limites, não há crenças

o ser diáfano flutua
sem o peso da consciência, há somente o prazer de ser

neste lugar, onde o tempo não tem lugar
o tempo, o velho e temido tempo
sem querer perder detalhe algum

grava
          de forma indelével
                                        o momento...

quarta-feira, junho 09, 2010

Desassossego da alma *

Minha alma inquieta busca,
Caminhos outros,
Outra cor para o céu,
Outra cor para o mar,
Para vida busca definição,
Para o tempo,
Outra forma de dizer não,

Minha alma inquieta busca,
Respostas nunca ditas,
Conceitos jamais criados,
A face de Deus,
O endereço do céu,

Minha alma inquieta,
É criança, lúdica,
Busca um amor impossível,
De desejos insólitos,

Minha alma inquieta,
É sem descanso,
fala, ama, grita
atropela momentos,

Tem urgência de vida,
Felicidade e desejos,
E no caminho vai...,
Levando flores,
Provocando amores,
Causando espantos.

Vai alma, vai,
Mas, não se esqueça,
No caminho, de se hidratar.


* Entendem agora porque minha alma fugiu...., o trabalho é deveras pesado...

terça-feira, junho 08, 2010

Desalmada *

Se perguntarem por onde anda minha alma
Não saberei dizer a resposta
A dita cuja pediu alforria
E num grito de liberdade
Abandonou-me há 3 dias
Não deixou recado
Na porta da geladeira
Nem mensagem no meu celular

Viram-na em um baile
Em Olinda
Dançando frevo
Disseram que estava completamente bêbada
Nem parecia uma alma

E, eu?
Aqui perdida
sozinha
Sem alma
Desalmada
Completamente só.

* Reeditado

segunda-feira, junho 07, 2010

Timidez matinal

A manhã me sorri tímida,
em meus movimentos bruscos,
assusto a delicadeza dos raios de sol,

tento ser gentil com meu reflexo no espelho,
a intensidade dos momentos,
não se traduz em passos mais lentos,

inspiro a paz das notas que me chegam,
calma pretendida de uma melodia distante,

a mão de um outro poema me reconforta*.

Namastê


* poema do Ivan Bueno em Empirismo Vernacular http://eng-ivanbueno.blogspot.com/2010/06/mao-e-o-barco.html

brincadeira do amor puro *

O amor puro pulou o muro,
Por medo do escuro,
No escuro tem bicho papão
E mula sem cabeça,
Amor puro não quer preocupação,
Quer dormir com luz acesa e
Canção de ninar
feito criança,
Precisa de palavras de conforto e pegar na mão,
Também é travesso, prega peças nos desavisados,
Com certeza foi brincar de cabra cega,

Amor puro quer leveza,
Brisa nos cabelos,
E picolé de limão...

*Resposta brincadeira a um amigo que disse que o amor puro pulou o muro. Mas, o verdadeiro amor puro só pula o muro pra roubar corações!

sábado, junho 05, 2010

Complemento de essência

Algumas vezes olho para o céu e busco uma estrela, saudade... A imensidão do firmamento me invade o peito, me preenche. Não é solidão, é nostalgia. Nostalgia de um lugar não lembrado, de uma companhia muito querida, aguardada. Caminho por trilhas que faço, enquanto chuto pedras como quem pensa pensamentos alheios. As folhas secas caem me lembrando a finitude da tarde. Caminhar, buscar, existir é solitário. Companhias outras aparecem, mitigam o esforço, mas o trabalho é meu. Labuta diária de quem busca significados. Te aguardo.

quarta-feira, junho 02, 2010

Incompletude

Te amo,
Mas isso você já sabe...

Te quero,
Mas isso você já sabe...

Te adoro,
Mas isso você já sabe...

O que você, nem eu,
Podemos saber,
É o tamanho de um nada
Que não completamos
E que diz tudo...