sexta-feira, junho 24, 2011

vida na prateleira


Letras tortas                             Lentilhas

Olhares Tortos                          Óculos Rayban

Falsos tormentos                      Dipirona sódica

Velas avulsas                            Todas do 7º dia


Ontem lembrei me de ti
num esforço mórbido de quem tenta vencer o Alzheimer

Lentilhas, óculos, analgésico e velas

Sintomas soltos de uma vida triste
ou
uma lista de compras do mês passado


quarta-feira, junho 15, 2011

Ecos do tempo

estendo o braço numa tentativa cega de tocar a superfície fria e branca da gota translúcida, tarde, a gota se esvai como o éter que desaparece, vejo seus olhos, não mais que seus olhos, esses me sorriem através do tempo, não vá, ainda peço, mas são ecos de um pedido negado, a fronteira do tempo para sempre irrompida, os acordes trazem a dor escura de mais uma noite sem lua, estrelas que nada dizem, cúmplices da música que ecoa a  minha volta e me veste como num ritual de morte.




quarta-feira, junho 01, 2011

Eu, ciclope

Tive um sonho estranho, sonhei que tinha somente um olho. Sim, eu era um ciclope. Não um qualquer, um ciclope fêmea, com certeza. Na minha esquisitice onírica eu delineava meu único olho com um lápis preto e com o dedo acertava o borrão. Dentro do meu sonho, na mais aparente normalidade, eu não questionava o fato de ter somente um olho e nem me achava estranha, minha única preocupação era acertar o contorno do delineador no meu único olho! Ficam perguntas, por que estava eu me embelezando? Eu só tinha um olho! Quem eu queria seduzir, com um único olho?  Deus, não posso mais comer caqui antes de dormir!

p.s - por razões óbvias, me abstive de fazer qualquer tipo de análise desse meu sonho tão revelador!