sexta-feira, outubro 29, 2010

Eu, você, nós

Quando compartilho dor, amor, vida, tudo, tudo deixa de ser somente meu, pois você se apropria de mim, de minhas vontades, meus quereres, das dores. Sou eu em palavra lida, sentida. A cada verso ou frase, me abro como em flor de papel. E, é tão real, que na ponta do dedo me tens. Se esticar um pouco mais o braço, verá, você toca minha alma.





P.S - Houve um tempo que eu sentia com tamanha intensidade que doía, não no outro, mais em mim mesma. Que bom que os tempos passaram e com a maturidade veio uma calmaria boa, de quem pode sentir muito e se arrebatar, mesmo, sem se arrebentar, o principal. 


Beijo grande a Linda Lua Nova que ao compartilhar  vida conosco, deixa um pouco do seu brilho de lua em nós!

segunda-feira, outubro 25, 2010

EASY

É mais fácil o não compreender
dá trabalho a aceitação
A diferença pressupõe um olhar claro
sobre o eu questionando condutas
comparando valores
Não queremos uma régua
a medir os pontos fora da curva
Queremos todos estar alinhados
de mãos dadas
igual palitos de fósforos
queimados


Foto: Olhares/ChacalDiferente



domingo, outubro 24, 2010

Diário de bordo

Algumas vezes nos pegamos caminhando rápido, sem tempo para olhar os detalhes, sem tempo para dar atenção às coisas importantes e somos chamados, nosso corpo, o universo, a familia... Nesse momento temos que parar, olhar com atenção, ouvir e então perceber a mensagem. Estava caminhando tão rápido que não estava dando a devida atenção ao meu corpo, a minha saúde. O mais temeroso, meu corpo e minha saúde sou eu!!! Não estava dando a devida atenção a mim. Somos atropelados e atropelamos. Atropelamos momentos, pessoas, nós mesmos e nos perdemos... O processo de resgate é difícil, começa com esvaziar as gavetas, liberar com cuidado todas as dores, se livrar do passado e permitir que o novo se faça. Pois bem, percebi o chamado. Iniciei mudando minha alimentação, percebi que precisava desintoxicar meu corpo, colocar alimentos mais saudáveis, voltar a praticar esportes. Em um mês perdi cinco quilos, estou mais leve não só no corpo como também no espírito. É mais ou menos como no filme comer, rezar e amar, só que tudo ao mesmo tempo e agora. Precisamos ter um momento para conversar, se não for com Deus caso não acredite nele, então com você mesmo, ouvir seu interior, seus sentimentos mais profundos, ouvir seu silêncio. Essa tem sido minha reza, minha comunhão com uma sintonia mais sutil, isso me preenche e acalma.
Quanto ao amor, nesse caminho de perder os quilos, comer alimentos saudáveis, praticar esportes, comecei a olhar de forma diferente para um outro eu, comecei a perceber a beleza de ser, simplesmente ser, assim ando enamorada, muito enamorada de mim mesma.

P.S - Deixo um beijo querido e carinhoso a todos, nesse processo há ainda uma questão a ser trabalhada, o trabalho! Excesso dele, por isso a ausência no blog! Bom domingo pessoal!

domingo, outubro 03, 2010

Liberta

A luz entrava calma pela janela, caminhou até o móvel antigo e abriu a primeira gaveta. Gentilmente, abriu caixa por caixa tendo o meticuloso trabalho de desembrulhar o papel de seda, sem rasgar. E, num corajoso ato de alforria, uma a uma foi libertando, no revoar, saíram aladas pela janela todas as dores. Feliz com o gesto e consigo mesma, sorriu, caminhou até o espelho, penteou o cabelo e saiu para a manhã que a aguardava.

sábado, outubro 02, 2010

Caminhos

"Precisamos nos liberar de todas as dores, remorsos, culpas, tudo, tudo...., assim, haverá espaço para novos sentimentos". Quando Neil Young entra cantando, me dou conta que tenho dores guardadas, trancadas lá dentro. Apesar dos anos, elas ainda se encontram lá. Me pergunto o por quê, alguém poderia dizer que é para ocupar o lugar do que se foi, não sei. Mas, chorei, chorei ao me dar conta que olhar de perto essas dores ainda dói. Como bom desportista, se caio, não lamento, levanto, limpo a poeira e continuo andando. Talvez, seja esse o problema, ao me fazer de forte eu tenha trancado tão fundo as dores que agora elas estão lá ocupando espaços e eu sem saber como curá-las. Pensei que o tempo, o bom e velho amigo tempo, que tudo cura já houvesse agido. No entanto, bastou uma música e a tampa abriu e as dores voaram a minha volta. Por que guardar dores? Inicialmente, parece um passatempo mórbido, preservar restos de algo morto. Abrir uma gaveta e olhar parte de seu passado, como em um álbum de fotografias, ao invés de fotos, você toca sentimentos que machucam, páginas que se recusam em ser viradas. Talvez o exercício seja, justamente esse, olhar cada dor bem de perto, como espécime de bicho esquisito, tocar, cheirar, sentir e então deixar ir. Aprendi que para reduzir o sofrimento devemos evitar a  resistência, então neste caso aqui suponho que preciso aceitar como natural e ao olhar o bicho esquisito é normal sentir dor. Aprender é a palavra, tudo tem seu tempo, tempo de cura e tempo de criar espaços, passos gentis no caminho que trilha, "o caminho vai se fazendo ao caminhar"... Já disse algum profeta, sábio ou bêbado perdido na noite.

P.S - A música é a do filme  " Comer, rezar e amar", Harvest Moon com o Neil Young.  O filme é lento, bobo, o personagem brasileiro é horrível, mas as cenas são bonitas.