domingo, novembro 29, 2009

Anoitece

tardes melancólicas,
mesmo o vento é silencioso.

a sombra nas folhagens traduz uma tristeza,
perpassa o vazio entre os galhos
e se mistura aos últimos raios de sol.

momento etéreo,
entre a sombra fria,
e o sol, que ainda ilumina.

o céu de um azul profundo,
se mostra límpido,
e só,

o olhar através da janela mostra
o fim do dia...

os carros passando,
lembrando lhe de sua solidão,
sua condição de ser perdido,

de suas tardes da vida,
quando a noite cai,
e você fica só.

sábado, novembro 28, 2009

Desassossego da alma

Minha alma inquieta busca,
Caminhos outros,
Outra cor para o céu,
Outra cor para o mar,
Para vida busca definição,
Para o tempo,
Outra forma de dizer não,

Minha alma inquieta busca,
Respostas nunca ditas,
Conceitos jamais criados,
A face de Deus,
O endereço do céu,

Minha alma inquieta,
É criança, lúdica,
Busca um amor impossível,
De desejos insólitos,

Minha alma inquieta,
É sem descanso,
fala, ama, grita
atropela momentos,

Tem urgência de vida,
Felicidade e desejos,
E no caminho vai...,
Levando flores,
Provocando amores,
Causando espantos.

Vai alma, vai,
Mas, não se esqueça,
No caminho, de se hidratar.

sábado, novembro 21, 2009

Relações virtuais e a nossa busca no outro

Esse mundo virtual é um prato perfeito para vivermos todos os personagens possíveis e imagináveis, aqui somos belos, altos, magros, íntegros etc. Escolhemos a melhor vida, a mais atraente, acrescentamos qualidades, diminuímos defeitos e..., estamos prontos! Produto acabado muito melhor que o fabricado por Deus.

Talvez, seja a promessa de sermos melhores, de termos vida mais interessante, de fazermos coisas diferentes, é a promessa de se recriar. Não é incrível, quanta porta, sonhos, economia de anos de análise essa telinha proporciona.

Realmente, que paradoxo, criamos nosso real perfeito no virtual. O único problema é que em algum momento teremos que transferir a perfeição para o real. Até lá prevalece a opção de ser você/real ou estender um pouco mais a novela criada.

Aqui podemos ser lindos e maravilhosos, não importa se não correspondemos aos ideais de beleza, porque estamos no plano virtual. Que se dane meus três olhos ou minhas verrugas ou qualquer outra coisa. A ausência de barreiras também facilita, pois cria um processo de intimidade gritante, em questão de horas se fica extremamente intimo de um inteiro desconhecido, e como, em um ato de confissão nos revelamos inteiramente, sem pudor.

Nosso interesse é limitado ao nosso discurso. A única coisa que importa aqui são as palavras, nos construimos com as palavras, sou o que escrevo e como me expresso. Não importa, se não me encaixo em padrões sociais, de qualquer ordem. Aqui, um deslize meu ou seu e o encanto (curiosidade ou/e interesse pelo mistério) desaparece. A possibilidade de desvendar ou construir o outro pelas palavras se apresenta como uma oportunidade altamente tentadora. O outro vai se descortinando aos poucos, fica na construção do idealizado. O outro é o que idealizo, na possibilidade do vir a ser.

O que nos move? Na verdade, o que nos move é a nossa eterna busca por nós mesmos. A busca pelo outro se revela efetivamente interessante, a partir do momento que o que nos fascina no outro é a nossa semelhança, a possibilidade do nosso reencontro. Que louco não, nos interessarmos por nós mesmos, enquanto no outro. Por que será que precisamos de referências externas, por que precisamos de espelhos? É meio narcisita não? Gostar do outro quando o outro se revela tão próximo de minha imagem.

O problema é a transferência para o real, as pessoas criam um mundo perfeito no virtual, relações perfeitas e tentam reproduzi-los no real. É complicado, mas como somos otimistas irrecuperáveis, acreditamos, bem lá no fundinho, que conseguiremos de alguma forma, criar o mundo perfeito, encontrar o amigo perfeito, um amante perfeito ou no melhor dos mundos nossa alma gêmea. Agora, isso já é assunto para outro post.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Paixão

Suspensa de tudo,
Suspensa de mim,

A alma num exercício de liberdade,
Pede permissão para se ausentar do corpo,

O corpo num exercício de vida,
Pára,
E, lembra-se de respirar,
Por um breve segundo,
Breve segundo,
Havia esquecido de buscar o ar,
Busca lá dentro, bem fundo,
Não no peito, mas na alma,

Esta, liberta que estava
Saiu para passear,
Saiu para ver as flores,
o céu azul...
o cheiro de jasmim...
Relembrar teus olhos,

Pobre alma, perdida que estava
Esqueceu de voltar.

Amor inventado

Quisera ser amor,
como amor pudera,
haver pretendido,

Minh´alma chora,
ausência nunca existida,
posto lugar, espaço,
nunca se quer ocorrido,

A arvore chora em folhas secas,
que leva o vento o inverno perdido,

Teus olhos me encontram,
e dizem um tudo,
em mudas palavras,

Tuas mãos me buscam,
no acaso,
de gestos cegos,

Sinto uma falta calada,
de diálogos jamais conversados,
de um tempo nunca vivido.