Desde sempre soube que estamos aqui por uma razão especifica, minha maior angústia era o medo de passar pela vida e não dar conta desta missão, perder o caminho.
Assim, tenho como tarefa contínua, buscar, busco significados, desenvolvimento, me busco. A percepção é que está muito perto, plausível de ser tocado. É como se esticando minha mão eu pudesse tocar e sentir, como manifestação de vida. Mas, para isso é necessário algo mais, uma compreensão maior, ter sentidos outros para ver e ouvir. É como se tudo fosse invisível e eu impossibilitada de ver. Então minha busca seria o desenvolver desses sentidos que permitiria acessar o tão perto.
Assim, continuo, buscando, e no caminho somos responsáveis por tanta coisa, há tanto trabalho a fazer. Mas, nesta busca que chamo vida, não podemos esquecer o principal, o compromisso com o nosso eu, de sermos felizes. O resto é detalhe, simples detalhe, deveríamos nos ater ao que realmente importa. Tenho pensado que poder esticar a mão e tocar depende e muito de um estado de ser feliz. Neste estado teríamos a sabedoria, sabedoria de quem vive uma felicidade continuada.
Agora, neste exato instante, o que lhe falta para ser feliz? Responda, mas se pensar bem, bem mesmo, verá que nada. Isso mesmo, nada. Se está à frente de um computador, poderia dizer uma banda larga, uma tela maior, um programa tal. Tirando isso, nada importa nesse instante para sermos felizes. Assim, não precisamos de mais nada nesse agora para ser feliz. Então por que não nos damos conta disso e vivemos em um estado de felicidade contínua? Por que somos insatisfeitos e infelizes?
Acredito piamente que é por não conseguir dar conta do momento. Dar conta de nossa existência em cada momento. Lavando a louça, fazendo um trabalho, qualquer tarefa. O nosso existir em cada segundo, a nossa conexão direta com o nosso eu.
Por alguns instantes sou feliz, sinto uma felicidade suprema, mas esta não se sustenta ou eu não sustento o estado, sou atropelada por um telefonema, a decisão contrária do chefe, erro de alguém da equipe, fechada de um taxi no transito. E, aí, perco toda a sabedoria daquele instante. Mas, realmente, essas coisas importam tanto assim? Merecem tirar nossa paz de espírito? Minha paz de espírito?
Essa reflexão é minha. Sou um ser estressado que xinga no trânsito e irrita-se facilmente. Qual a dificuldade de manter a fleugma? Por que a necessidade de xingar, dizer palavras ásperas, de defender território como se fosse guerra? Estamos fazendo tudo errado, eu estou fazendo tudo errado.
Quero o frescor das manhãs tranqüilas, o calor de um abraço amigo, a calma das tardes sombrias, a paz do momento. Por isso digo, está tudo a minha volta, na distância de uma mão que estende e ainda sim não toco.