quinta-feira, julho 15, 2010

Ritual de desapego

sua cabeça em meu travesseiro
a minha volta suas memórias
meu pobre corpo
sua ausência não entende
assim, persisto
uma insistência ilógica
onde fantasio, e
sempre te recrio

e, neste exercício louco
entre vida e memória
me confundo e me perco
tento como dever diário
fazer de minha rotina
um ritual de desapego

no entanto
sei que te carrego
por toda a eternidade


17 comentários:

s a u l o t a v e i r a disse...

A prática do desapego nos salva do comodismo.

Bjs.

Robin K disse...

Gostei muito do texto.

Obrigarmo-nos a esquecer alguém, um pouco mais, dia após dia. É mesmo isso...

Bípede Falante disse...

Patrícia, que lindo, lindo, lindo! Puro amor.

Helcio Maia disse...

Memória da pele, gravada no travesseiro, a ausência incompreendida, o silogismo da fantasia, a rotina que se quer colocar na guilhotina e...a eternidade. Mas há eternidades de todas as idades, né?
Seria o ritual do apego ao desapego?

Anônimo disse...

a palavra é: renúncia.

Anônimo disse...

"sua cabeça em meu travesseiro
a minha volta suas memórias"

Já começou me arrepiando, Patrícia!

Beijos.

Juan Moravagine Carneiro disse...

A eternidade alimentada por certas ausências é sempre perigosa...

abraço!

belo escrito

Patrícia Gonçalves disse...

Saulo, não sei...., mas salva da dor da ausência...

Patrícia Gonçalves disse...

Oi, Robin, é isso, mesmo!

beijo

Patrícia Gonçalves disse...

Bipede, obrigada, obrigada, obrigada!

beijo linda

Patrícia Gonçalves disse...

Helcio, você faz cada pergunta difícil! Não sei se é apego ao desapego... Mas, busco o desapego sempre, se isso é apego, não sei...

Patrícia Gonçalves disse...

Márcio, seria tão fácil? simplesmente proclamar a renuncia...., não sei...

Patrícia Gonçalves disse...

Laura, obrigada, querida.

beijos

Patrícia Gonçalves disse...

Obrigada, Juan.

É verdade, é um perigo..., a dor está sempre ali à espreita.

Anônimo disse...

Fácil renunciar?! Não mesmo. Eu falo do que não sei.

Sergio disse...

Apego/despego... Tai duas questões as quais vivo me apegando pra pensar.

De tão apegado as pessoas que quero bem, achei que seria uma solução me apegar a mulher mais desapegada que conheci. E devo dizer, talvez uma das mais desapegadas do MUNDO! Queria ver se conseguia sugar o q ela tinha de sobra. Resultado: me apeguei tanto a ela que acabei me desapegando de mim mesmo.

Patrícia Gonçalves disse...

Caro Sergio, você vivendo o paradoxo do desapego!

Fui te visitar e li um texto seu dedicado a um amor quase ex. No amor não dá para estabelecer regras, mas tenho algumas ressalvas como o apego demasiado ao outro e o desapego de mim. Aprendi que por mais racional que seja, temos que estabelecer limites...