quinta-feira, julho 08, 2010

Cabelos ao vento *

Algumas vezes não sabemos a razão que nos leva a tomar determinada decisão, talvez, seja simplesmente a resposta rápida a algum tipo de angústia não identificada. Racionalmente não haveria espaço nem lugar para tal decisão, mas ela vem surgindo como um movimento sutil e quando você se dá conta, a ação já tomou lugar. Aprendi com um amigo sábio, que se há algum desconforto na alma, a origem deste desconforto deve ser removida o mais rápido possível, pelo bem de nossa paz de espírito, óbvio, e de toda nossa existência.

Algumas vezes quando tento me dar conta da justificativa lógica para fundamentar determinada decisão, uma coisa engraçada acontece, a resposta não me vem como uma idéia construída de forma elaborada, escrita. A resposta toma forma de uma imagem, muita forte, vem como uma cena de um filme que se repete ao longo do dia, inclusive com regras de enquadramento e luz. Essa é a única resposta que eu tenho.

Pois bem, recentemente uma imagem me persegue, na verdade, uma cena. Um carro em alta velocidade, um conversível antigo, claro, contra um céu azul, uma mulher ao volante, feliz, tranqüila, cabelos curtos e louros ao vento. A imagem é vista de baixo e parcialmente de trás, como se a câmara tivesse na altura da roda, na lateral esquerda, visualizamos parte do perfil da mulher. Determinada em seguir a diante, mas sem arrogância ou rigidez, serena com o vento, ela segue. A sensação é de liberdade, de correr ao encontro da vida. Liberdade suprema do existir. O vento refresca a alma, o sentir. Não há prisão, não há correntes, não há elos, pendências... Vida livre que curte a tarde, ou manhã de abril ou maio de céu azul, uma temperatura agradável que alegra e faz querer suspirar. “We are on a road to nowhere...”, toca a musica na rádio imaginária, trazendo lembranças de ontem... Talvez uma tarde de verão nas estradas das montanhas rochosas, contra o mesmo céu azul e a mesma temperatura agradável.

A música, trilha sonora da imagem, trilha to nowhere, momento to nowhere. O que importa é o tempo presente, momento vivido aqui e agora. O amanhã não existe, já dizia o poeta, bem como meu filho, do alto de seus 5 anos. 

Sim, o amanhã não existe. Lembremos, existe somente uma seqüência de hojes. Estamos presos na armadilha do tempo, sempre o tempo presente. Tempo passado e futuro contido no tempo presente, irremediável tempo infinito, sem saída para nenhum outro tempo, sem fim. O tempo presente não tem fim, é irremediável, infinito nele mesmo. Podemos variar de lugar, cores, roupas, sensações, mas o tempo presente é o mesmo.

Assim, deixemos a divagação e voltemos à mulher. Como se chama? Vai a algum lugar? Foge de alguma coisa, alguém? Ou é simplesmente uma mulher, a dirigir um carro, como sua própria vida, segura de seus caminhos, resoluta. O cenário se repete como uma imagem em looping, não há figurantes, cenário alternativos, árvores, pedras, pássaros. Somente o carro, a mulher, o céu azul, a estrada e os cabelos, ao vento. A velocidade aumenta a sensação de liberdade e o sentimento de poder, é um quase voar. Voar no tempo presente.

Corta a cena. Voltemos ao hoje, o aqui e agora, não mais o nowhere, mas o now here. (insight de um amigo)

Não me perguntes aonde vou,
o que sentirei amanhã,
se serei gorda ou magra,
o que vestirei ou comerei,
Certezas?
Poucas.
Meu nome, gênero e naturalidade.
Certezas pesam e não quero bagagem,
decidi viajar leve,
levar somente os desejos do momento,
o sim do agora,
o querer do aqui.
Planos? Sim, vários...
Com orientações e mapas,
Todos flexíveis!
A rota é alterada sempre que for necessária.
Felicidade do momento presente.

* P.S. - Reeditado, simplesmente, pela pura vontade de sentir o vento...

27 comentários:

Sylvio de Alencar. disse...

Uma reedição bem vinda...!

Temos pérolas guardadas..., bom sacá-las de nossas algibeiras e colocá-las à luz do sol de nossos olhos para que não embolorem ou esmaeçam suas cores e brilhos.

Estar com pessoas assim, como vc, nos deixam assim, como nós: legais, up, 'cool'...! :)

Bem, na verdade, vc me deixa mais que 'legal'; me deixa 'contente'.
De bem com minhas sincrasias...
De bem de bem, não; mas um pouco mais confortável, se é que essa sensação se justifica.

Patricia, bom vc ter ido 'xeretar'; aliás, já te respondi.
As coisas vão acontecendo que nem considero coincidência estar comentando justamente este post...

Pensei, por causa dele, que seria uma ariana...; mas não, é uma pisciana, como minha mãe.
Peixes e Áries têm uma relação intensa, mas conflitante...

Fiquei olhando sua foto por vários segundos... (tens algo de cravo e canela...).

I will be back...!
:P

Bjs.

Robin K disse...

Se calhar, é simplesmente alguém a querer viver o presente e a fugir do passado...

Helcio Maia disse...

Uma mulher, o vento, a luz, as cores...
A decisão não tem que ser cisão, né mesmo?
Manhã de maio (que mes lindo), céu azul (há cor mais linda?), a imagem à esquerda (lado do coração) e o mais importante: liberdade, inexistência de correntes, elos, pendências...suspiros.
Imagens soberbas, texto denso, mulher especialíssima.
Beijos sem slowmotion (só para retribuir os inúmeros anglicismos rsrs)

Bípede Falante disse...

Adoro textos e filmes de estrada, perdida ou de claros contornos, ao vento ou sob sol e chuva. Adoro o vento no rosto, o vento na alma.
Adorei o seu post!
bj

Celso Andrade disse...

o sim do agora- porque o sim que talvez fora pronunciado outrora era um não disfarçado(e pesava)

abraço

celso

Carol Morais disse...

Minha querida,
muitas vezes eu tentei, e tentei muito entender o porquê de eu ter dito "sim" a alguma resposta, por ter dito um "não" a outra, por ter pestanejado, por ter deixdo acontecer, por ter esquecido.
É muito difícil dizer o pq das coisas, dizer pq tomamos determinada decisão, pq estamos aqui, pq fazemos uma coisa ou outra. Muitas vezes colocamos a culpa em duas coisinhas: 1ª: Coração; 2ª: Razão. Já perdi as contas das vezes que disse que algo veio do coração e outro algo veio da razão. Perdi mesmo.
Um super beijo!!

s a u l o t a v e i r a disse...

Livre, resoluta. Excelente imagem, conserve-a, pratique-a. Livre seja.

Beijos moça dos cabelos livres esvoaçantes que te revelam.

Valéria lima disse...

O vento passeia em você com a pressa que o teu desejo grita.
Patrícia mudei de endereço, agora estou nesse:

http://rasurassobreviventes.blogspot.com/

Te aguardo lá, beijooO*

Sylvio de Alencar. disse...

Olhei a foto errada...
:P

Tens algo de cantora da 'jovem guarda' (ê nominho horroroso!).

:)

Abrçs.

Patrícia Gonçalves disse...

Sylvio, bom saber que meu texto te deixou confortável com você mesmo, com o que pensa e sente.

Também gostei de ter ido xeretar! Pensou que eu fosse ariana porque a mulher do texto é resoluta. Tenho um marte forte no meu mapa, por conta do ascendente que é escorpião.

cara, você áries com ascendente em áries... êta osso duro de roer!

Bem vi que tinha olhado a foto errada rs, eu acho que não tenho nada de cravo e canela..., sou clara, sempre tive cabelo louro.

Estarei esperando!

beijão

Patrícia Gonçalves disse...

Robin, é acho que é algo por aí, a necessidade de viver o agora...

beijão

Patrícia Gonçalves disse...

Helcio, maio, há mês mais lindo?

Sem querer ser redundante, mas a inexistência de correntes é libertadora!

Obrigada pelo elogio e pelo anglicismo! Você aprende rápido!

beijão

Patrícia Gonçalves disse...

Bípede, já vi pelo seus posts que também gosta do vento. Amigas do vento!

O vento é alguma coisa!!!

Obrigada, linda!!!

beijão

Patrícia Gonçalves disse...

Celso, incrível, como você foi no ponto! O sim do passado era um não disfarçado e por conta do peso oprimia. É engraçado que quando estamos dentro da coisa não conseguimos perceber e tudo foge à lógica.

beijão!

Patrícia Gonçalves disse...

Carol, linda, é isso mesmo, mas quando a decisão foge muito a nossa lógica, nos perdemos, fica até difícil definir se a decisão é razão ou coração.
Sabe, o melhor de tudo, mas o melhor de tudo mesmo, é poder mudar de idéia, ficar confortável com a decisão, mesmo que te chamem de louco e pronto!!

beijo grande!

Patrícia Gonçalves disse...

Oi Saulo, fiz um testamento lá no seu blog.

A idéia é essa, praticar a liberdade de ser!

Beijo grande lindo!

Patrícia Gonçalves disse...

Valéria, adorei o vento passeia em mim! muito legal!

Tô indo lá te visitar!

beijão

Patrícia Gonçalves disse...

Sylvio, você disse que parou de chapar o côco!

Que foto errada você viu? rsrs, as três fotos aqui são minhas, nas três sou clara e loura, acho...

Foto de cantora de jovem guarda? Só se for a Wanderléa quando era ternurinha rs

beijão moço

Sylvio de Alencar. disse...

Pois é...
Na foto do face, vc parece a 'ternurinha'... (não me referindo à vc em nada: detesto esse negócio de 'jovem guarda' - caso goste, tudo bem, né).

Na foto de 'quem sou': vc parece uma morena com a cor de jambo.
Os cabelos (meio queimados?), a cor do vestido (branco, realçando a 'morenice'), me fez confundi-la...

De qualquer forma, está bem na foto.
Nas duas!
Quem sabe possamos tomar um cafèzinho um dia; nós 3, casos tenhas um amor na vida (ó eu jogando um verde...!). :)

Abrçs.

Patrícia Gonçalves disse...

Sylvio, eu tinha um amigo (tudo bem você disse que não acredita em amizade entre homem e mulher) que dizia que queira fazer um painel com as minhas mil faces. E, não é que eu as tenho, me metamorfoseio sempre!

Pensei que você tivesse convidado a mim e aos meus outros eus...

beijão

Anônimo disse...

ai querida.... viajar mais leve, quem não quer?

mas é pra poucos...
PV:subura
TRAD: a Pv tá de sacanagem

Patrícia Gonçalves disse...

Wal, alguém me disse uma vez que as palavras não mentem, nunca!!! hahahaha

Anônimo disse...

Patrícia, socorro, cadê o blog da Sarah

Sylvia Araujo disse...

"Certezas pesam e não quero bagagem"

O que eu senti? Identificação, carinho, admiração e a leveza de um sentimento doce que levo agora, ao sair daqui.

Danada!

Beijoca, Pati

Sylvio de Alencar. disse...

Fica o dito pelo não dito: convido todas vcs!
Se uma não me der bola, a outra dará...
:P

Beçon!


PV.: scarqd
- tropiquei, e meu esqueleto fez este barulho...

Patrícia Gonçalves disse...

Syl, mocinha, que bom!!! se já temos o peso da decisão, pra que ter o peso das certezas?

beijão moça!

Patrícia Gonçalves disse...

Sylvio, rsrsr.... uma haverá de gostar de você!

beijo moço