quarta-feira, abril 13, 2011

The end

Adentrou a casa e o fedor impregnou-lhe a alma, mistura de suor, fezes e urina, subiu as escadas entre ânsias de vômito e súplicas ao bom Deus - permita-me não vomitar, por favor - entre um sorriso e lágrimas, resumo de uma vida, cabelos revoltos, cobertas e moscas, no chão uma embalagem de biscoito denunciava o crime. Mais choros e a confissão - nada é o que parece ser. Limito minha existência a um sorriso fraco, tento ser forte, seguro suas mãos e contemplo sua cor amarela, pele seca e fria, o cheiro se foi, aperto sua mão e sorrio. Que mistério seria esse, cruzar vidas ao final de uma, voce se foi e eu fiquei, qual o sentido, te disse sim, te sorri, te confortei e fiquei com as misérias da lembrança ou as lembranças da miséria. Quisera eu esquecer tudo e você ainda deitada, comendo biscoitos entre lágrimas e moscas. Merda de vida.

2 comentários:

Helcio Maia disse...

Às vezes, tudo é exatamente como parece ser. Merdas que se fazem na vida, mesmo quando a vida se oferece por inteiro. Sinais estão por toda parte (de trânsito, ortográficos, climáticos, cronológicos, lógicos e ilógicos).
Colisões democráticas também ferem e as feridas podem ate ser lambidas, mas permanecem feridas, até que cicatrizem e se transformem em...sinais!
Beijo no passado de um presente distante.

Patrícia Gonçalves disse...

Algumas vezes, a vida se apresenta sem prólogo e cai no colo como capítulo perdido do nada, e voce fica como espectador de filme europeu, sem conseguir fazer a conexão e sem entender o final.

beijos que se colidem no presente, passado e até no espaço intertemporal