domingo, novembro 20, 2011

Liquefação dos sentidos


Naquela manhã especialmente acordara diferente, ao invés de espiar a vida pela janela, pulou da cama e correu ao espelho, urgência em saber-se sólida. Durante a noite havia sonhado que era líquida, mulher líquido, assim queria o contato da retina pra certificar uma solidez cristalizada em reflexo. Acendeu a luz, uma imagem suave e simpática aconchegou-lhe um bom dia, trocaram caricias gentis entre alguns pedidos de desculpas e juras de amor eterno. Mais tranquila, caminhou lentamente até a janela agradecendo em silêncio a luz do sol que incidia sobre seu corpo e certificava sua existência, contudo não havia percebido que aos seus pés, gotas denunciavam um provável degelo.

5 comentários:

Helcio Maia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bípede Falante disse...

Derreter-se pode aquecer :)
beijosss

Anônimo disse...

Líquida ou sólida, algumas vezes esta mulher simplesmente evapora. Então há espelho, sol ou janela que a faça visível, uma vez que para ser visível a mim, somente por palavras.
J.H., o quase-anônimo.

Anônimo disse...

Saiu, não sei como (ou sei), um "Então" ao invés de um "E não..." Desculpe. Agora fará mais sentido.

Andrea de Godoy Neto disse...

liquefazer-se, às vezes, é uma dos sentidos de escorrerem sem anteparo...


gostei muito, Patrícia!
beijos