quarta-feira, outubro 19, 2011

Intermezzo

Enquanto olhava-o nos olhos desabotoou silenciosamente o último botão da blusa. Não usava soutien, talvez em um ato tardio de rebeldia, tampouco usava pérolas ou qualquer outro adorno. Prendia-o com o olhar, muita mais que sua nudez opaca. Foi até à bolsa e acendeu de forma ausente um cigarro, tragou, esperou, e, por último soprou a fumaça na chama pra ver o efeito de vê-la avivar. Prazer. Fogo, cor vermelho sangue. Caminhou até à janela, parou e contemplou o vazio do longe. Nada havia a ser dito e, no entanto, tudo a conversar.
- Sinto sua falta - Informou de forma lacônica, como quem dita uma carta. Me chame de louca, talvez eu seja, mas mesmo assim, ainda sinto sua falta.

5 comentários:

Helcio Maia disse...

A falta está em alta!

guru martins disse...

...só um louco(a)
tem plena certeza
de suas convicções...
ainda bem!!!

bj

Patrícia Gonçalves disse...

Pena Helcio, na verdade, deveria estar em alta, a abundância, a presença, a completude!!!!

bjs

Patrícia Gonçalves disse...

Guru, bendita seja a loucura!!!!

Pelo menos essa nos absolve, rsrsr

bjs

Helcio Maia disse...

Sem a falta, o desejo nem precisa da troca de guardas para se mandar. Na verdade, sem ela, ele nem se aproxima da janela.