quarta-feira, setembro 23, 2009

Digressão de uma vida não plana

Somos agora multi, multi indivíduos, acompanhando a lógica do multi universo. Descobriu-se, apesar das não provas, que o universo não é mais uni, agora, é multi, assim é multiverso. E, nós seres, até então unos e individuais em nossos universos, somos agora multíviduos. Continuamos sendo uno, mas, multi nos vários papéis que desempenhamos. Será aqui também a soma das partes maior que o todo? A soma do nós em mim (meus vários eus)é maior do que o meu eu, único individuo? Equação interessante... Basta matematizar a construção do eu e minha atuação dentro deste universo múltiplo e encontro minha fórmula. Múltiplos eus em múltiplos universos.

Afinal, quem somos? Podemos nos desfazer das várias camadas assumidas, como papéis personagens de mundos distintos? Dentro do nosso eu habita um sistema complexo de vários papéis interações com seus outros papéis (interações) de seu outro eu. A cada interação há uma construção nova, nova variável que não pode ser desassociada de você. Você é o pai, o filho, o marido, o profissional, o cliente, o fornecedor, o amante e o poeta, com papéis distintos dentro dos vários universos. Interações coexistem simultâneas nos vários papéis.

Teoria dos conjuntos, conceitos primitivos, alguns são eventos excludentes ou, talvez, não. Como coabitar dentro de mim tantos eventos, e alguns excludentes? Explicam-se, aí, as culpas das noites de cada um. Posso efetivamente me despir de minhas várias camadas e me apresentar desnudada de mim?

Há um conjunto vazio?
O meu conjunto vazio não se apresenta vazio.
A minha essência desnuda, talvez, minguada, tal qual um individuo de Biafra não é vazia, é conjunto universo.

2 comentários:

Andrea Douat disse...

Engraçado vc tocar nesse tema - sempre me incomodou a mania que as pessoas têm de tentar enquadrar todo mundo em categorias, como se só pudéssemos ser assim ou assado. Porque não podemos ser assim e assado, dependendo do momento/humor/lua/conjunção astral? Porque essa busca insana por uma personalidade coerente e coesa, se no universo impera o caos e o múltiplo? Não somos peças do universo? Talvez não seja da natureza humana ser assim tão previsível e contínuo... Eu simplesmente não consigo - pra dizer a verdade, já nem tento mais. Aceito e até gosto do meu lado múltiplo (eu, definitavemente, prefiro ser essa metamorfose ambulante...).

Um ex já me disse que eu só não sou bipolar porque "bi" é pouco pra me definir - eu seria, pelas palavras dele, "multipolar". Taí, gostei de ser enquadrada nessa categoria. Talvez sejamos todos um pouco assim. Que ótimo, né!

Beijos

Patrícia Gonçalves disse...

Bem vinda a categoria dos multipolares!

Agora, é óbvio que podemos ser assim e assado! Já não somos?
Um outro ponto para sua reflexão, a busca insana não é sua, assim sendo externa não importa a você.
bjs