Naquela manhã especialmente acordara diferente, ao invés de
espiar a vida pela janela, pulou da cama e correu ao espelho, urgência em
saber-se sólida. Durante a noite havia sonhado que era líquida, mulher líquido, assim
queria o contato da retina pra certificar uma solidez cristalizada em reflexo. Acendeu a
luz, uma imagem suave e simpática aconchegou-lhe um bom dia, trocaram caricias gentis
entre alguns pedidos de desculpas e juras de amor eterno. Mais tranquila, caminhou lentamente até a
janela agradecendo em silêncio a luz do sol que incidia sobre seu corpo e certificava sua
existência, contudo não havia percebido que aos seus pés, gotas denunciavam um provável degelo.
5 comentários:
Derreter-se pode aquecer :)
beijosss
Líquida ou sólida, algumas vezes esta mulher simplesmente evapora. Então há espelho, sol ou janela que a faça visível, uma vez que para ser visível a mim, somente por palavras.
J.H., o quase-anônimo.
Saiu, não sei como (ou sei), um "Então" ao invés de um "E não..." Desculpe. Agora fará mais sentido.
liquefazer-se, às vezes, é uma dos sentidos de escorrerem sem anteparo...
gostei muito, Patrícia!
beijos
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