A
imagem surge trazendo uma ruína no canto esquerdo do quadro
ruína de casa branca antiga, sem telhado, porta ou janelas
sem qualquer referência de passado, nenhum vestígio de história...
o sol incide a sombra na parede em queda
a sombra na pedra
o ar ainda úmido preserva o orvalho
manhã de nove horas
Mais ao norte se estende o campo de girassóis
pintura espontânea nascida de uma palheta celeste
o céu de um azul puríssimo lembra a cor dos olhos dos anjos,
anjos nórdicos, diferente dos anjos latinos ou asiáticos
Na mesma cena ao fundo grasnam corvos aos bandos
pintam o céu em uma nuvem que se aproxima
Sobrevoam o campo, e em permanente estado de luto, tristes, fogem do inverno.
À margem da imensa melancolia do revoar
perdura a plasticidade da cena
os corvos grasnam a solidão da alma
o frio do inverno
a dor de existir
Fugiram de outro conto talvez
entre um virar de páginas e o molhar de dedos
e por certo, como libertos recentes não sabem aonde ir
Revoam aos bandos, fogem do quadro
Buscam melhores campos, paragens, memórias de outras histórias
a mesma cena repetida a cada ano
um parque, um jardim, umbanco,
talvez, em outro conto
uma mulher, os espera...
P.S - O poema homenagem feito a Van Gogh, talvez em todos nós resida um pouco de solidão e melancolia, um buscar de vida ou então um perder de vida.
32 comentários:
Pintura triste, mas bela.
Captou o momento sublime da arte. Observações verdadeiras e os detalhes da sua construção, perceptíveis apenas por sensíveis artistas no olhar mecânico nos dias atuais.
BeijooO*
Prefiro crer que é um "buscar de vida"...talvez, de outro conto, pois palavras, esperanças, sopros de alento migram, de pensamento para pensamento, o cinzento trocado pelo azul, o norte pelo sul...
Lindo texto, literal e graficamente, pois o design induz a movimento, a algo que assemelha ao vôo de pássaros ou gentes - ambos urgentes.
"Fugiram de outro conto talvez
entre um virar de páginas e o molhar de dedos
e por certo, como libertos recentes não sabem aonde ir"
Me sinto assim as vezes. Que caminho seguir? Ouço o coração.
Lindo!
Impossível nõa se ver neste escrito
abraço
gostei Patrícia, me identifiquei bastante com o poema, muito bonito mesmo
=)
beijo
Ge
que bom conhecer teu blog.
Maurizio
"À margem da imensa melancolia do revoar
perdura a plasticidade da cena
os corvos grasnam a solidão da alma
o frio do inverno
a dor de existir"
Que lindo! Não tenho mais o que falar. Tb adoro o artista, temos muito o que falar sobre os quadros e as imagens mágicas que falam por nossos corações.
Um beijo!
As vezes a gente se ve aqui Pat.
Lindoooooooooooooo, pra variar!
Um abraço minha queridaaaa!
De conto em conto, em busca ou entrega - e lá vamos todos!
Coisa bonita de sentir, esse doído, Patrícia.
Lindíssimo!
Beijocagiga
Que carinha linda!
Amei te ver lá na minha janela para o céu.
Beijos
Iram
Lindo, Patrícia...de conto em conto lá se vão as asas, de corvos ou de anjos
muito boa essa construção sobre o quadro de van gogh
beijos e obrigada por tua presença lá no blog
Sim, revoaram aos bandos, fugiram do quadro e encontraram outro, novo, mais um sentido, aqui nos Dias Genéricos, explodindo outros quadros, outras técnicas e estéticas.
Um beijão, e obrigada pelo carinho e pela visita no Canto, volte sempre, é prazer tê-la por lá!
P.S.
Que as tristezas de dias distantes nos permitam impedir novas nesse nosso presente tão promissor. Patrícia, estive em África e foi meu destino mais feliz! Ela já me encantava quando na minha meninice Gil me trouxe todas as suas cores e dores, com a Refavela, e então tornei-me esse continente!
Patrícia, o poema perfeito para celebrar esse holandês abençoado e sem orelha. Posso um dia desses postar o poema lá no Poema-amigo?
Beijo beijo.
Marcio, transmite o ser conturbado que ele era, mas também muita intensidade!
Valéria, obrigada. Eu pintei um quadro chamado girassóis e mandei pra um amigo, como presente ele me enviou um conto chamado corvos. Imediatamente veio a inspiração, o email chamava Corvos e Girassóis. Amo Van Gogh!
Grande beijo
Helcio, também gosto de pensar assim, o buscar de vida é muito mais agradável... assim, como o movimento de suas palavras!
Obrigada, moço!
beijo grande
Saulo, também gosto desta parte!
Esse sentimento é bem familiar, liberdade recém conquistada que ainda não foi aprendida. Ouvir o coração é uma boa pedida, o problema é quando o coração fala outro idioma...
Obrigada, beijo grande
Juan, obrigada, que bom que você se identificou!
beijo!
Oi, Ge, obrigada por ter vindo ler, que bom que você gostou!
beijo!
Maurizio, obrigada e volte sempre!
beijo
Carol, obrigada!!!!!
Van Gogh por tudo que passou, por tudo que pintou sensibiliza bastante, abala as estruturas!
Grande beijo linda!
Sil, que bom linda, venha sempre! É sempre bom receber seus abraços!
Obrigada!!!!!!
Beijo grande!!!!
Syl, obrigada!!!!
Somos passageiros, de conto em conto carregamos mais que recordações, levamos pedaços de vida, arrancar esses pedaços dói...
Beijo Grande!
Iram, também amei conhecer seu blog, foi a primeira vez que chorei ao ler um post! Quanta emoção!!!
Quero te contar uma coisa, os corvos desse poema são de Viena! Quando visitei a cidade fiquei encantada com os corvos! A imagem que ficou na minha lembrança é linda, o inverno, as árvores secas e os corvos no chão. Pensei neles ao escrever!
Beijo Grande
Andrea, que bom você por aqui!
Fico feliz de você ter gostado! Foi um prazer imenso te ler! Estarei sempre por lá!
Beijo grande!
Canto, obrigada, moça!
Oxalá você seja ouvida!!!Que lindo seu amor pela África e parabéns pelo seus versos!
O prazer é meu, poder te ler!
beijo grande!
Dade, obrigada!!!! Será uma honra ter um poema meu em seu blog!!! Sou sua fã de carteirinha!!!
beijo grande!!!
Patrícia,
Uma pintura forte e realista, assim como a vida, há uma beleza rústica na melancolia,
só os olhos do coração podem apreciar e sentir,
Bjs,
Ester, olá!
A melancolia é bela, a beleza do contorno da poesia, necessária ao sentir, ao bailar da palavras.
Beijo grande
linda homenagem para um cara que morreu na obscuridade
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