domingo, abril 25, 2010

Dor de existir

Algumas vezes,
surge repentina,
vai rasgando,
abrindo caminho e explode,
surge do nada,
ou, talvez,
eu não queira saber,

me perturba, e então eu me escondo,

cresce, toma espaço e me ganha,
se faz presente e zomba de mim,

maldita dor,
desconhecida,
corta e faz chorar,
provoca tristeza profunda,
angústia que aperta o peito...

são tantos caminhos que às vezes me perco,
e, meu Deus,
é tão difícil encontrar,

solidão que sufoca,
tristeza sem fim,

porta fechada de um quarto escuro,

e o choro que se ouve é o meu,
perdido, em anos de desencontros.
(12/96)

2 comentários:

Enrique disse...

Pra mim é difícil comentar... As palavras fogem, o medo de ser mal interpretado toma conta; pois não sou ninguém para criticar. Mas lendo essa poesia, com desencontro, tristeza, essa complexa dor/arte de ser, a solidão(todos somos solitários de alguma forma) e ouvindo Clara Nunes cantando, Às Vezes Faz Bem Chorar. Me vem a dor de ser, a dor de amar, a dor de não chorar... E principalmente a dor de aqui estar; parado sentindo tudo/nada. Aqui no meu quarto, me perguntando... O que vai ser, o que vai acontecer. Não sei; esse mesmo escuro do quarto é o escuro da mente, confusa, nublada, atordoada. Meia hora despois não sei se fiz um comentário, um desabafo ou um comentário-desabafo, sei que você escreve com a alma, com o coração e está de parabéns!

Patrícia Gonçalves disse...

Caro Henrique, esse poema ficou anos trancado, foi escrito em um momento de muita dor. Minha própria terapeuta não deva conta. Agora, acredito que acomete a todos, principalmente, nós seres buscadores de nós mesmos. Decidi postar o poema para mostrar que não estamos só, nem em nossa solidão. A busca continuará, mas essa dor de quarto escuro, passará, te garanto.
Obrigada, pelo desabafo, pelo comentário.
Seja sempre bem vindo!