"Precisamos nos liberar de todas as dores, remorsos, culpas, tudo, tudo...., assim, haverá espaço para novos sentimentos". Quando Neil Young entra cantando, me dou conta que tenho dores guardadas, trancadas lá dentro. Apesar dos anos, elas ainda se encontram lá. Me pergunto o por quê, alguém poderia dizer que é para ocupar o lugar do que se foi, não sei. Mas, chorei, chorei ao me dar conta que olhar de perto essas dores ainda dói. Como bom desportista, se caio, não lamento, levanto, limpo a poeira e continuo andando. Talvez, seja esse o problema, ao me fazer de forte eu tenha trancado tão fundo as dores que agora elas estão lá ocupando espaços e eu sem saber como curá-las. Pensei que o tempo, o bom e velho amigo tempo, que tudo cura já houvesse agido. No entanto, bastou uma música e a tampa abriu e as dores voaram a minha volta. Por que guardar dores? Inicialmente, parece um passatempo mórbido, preservar restos de algo morto. Abrir uma gaveta e olhar parte de seu passado, como em um álbum de fotografias, ao invés de fotos, você toca sentimentos que machucam, páginas que se recusam em ser viradas. Talvez o exercício seja, justamente esse, olhar cada dor bem de perto, como espécime de bicho esquisito, tocar, cheirar, sentir e então deixar ir. Aprendi que para reduzir o sofrimento devemos evitar a resistência, então neste caso aqui suponho que preciso aceitar como natural e ao olhar o bicho esquisito é normal sentir dor. Aprender é a palavra, tudo tem seu tempo, tempo de cura e tempo de criar espaços, passos gentis no caminho que trilha, "o caminho vai se fazendo ao caminhar"... Já disse algum profeta, sábio ou bêbado perdido na noite.
P.S - A música é a do filme " Comer, rezar e amar", Harvest Moon com o Neil Young. O filme é lento, bobo, o personagem brasileiro é horrível, mas as cenas são bonitas.
5 comentários:
Que maravilha!!!!
Você voltou...
ainda bem que já passou essa da doença!
Olha gostei do post, sabe????
Quem já não passou por algo idêntico?
Ai, o amor...sempre o amor...
a melhor coisa do Mundo...mas a saudade faz parte dele...e às vezes sufoca-nos...e é dificil respirar...
Beijo, amiga!!!!!
Bom início de semana!!!!
E sorri muito
Patrícia que bom estar aqui te lendo e comprovando a verdade que canta o poeta Antonio Machado em Cantares: "caminante no hay camino, el camino se hace al andar... golpe a golpe, verso, a verso.
Te passo o link no youtube para veres, sentires, como tuas palavras conVersam com Antonio Machado:
http://www.youtube.com/watch?v=kFH6c3qQnP8
Um beijo carinhoso desde o sul e caminhantes seguimos, obrigada por me fazer reler com tua leitura um dos meus poemas favoritos.
Oi Afonso, querido!!!!
Na verdade, não há saudade nessa dor, somente a constatação de sua existência... Pura e simples...
beijos!!!
Carmem, obrigada! Que lindo, adorei o vídeo, o poema é maravilhoso. É, acho que é isso, golpe a golpe, verso a verso, o caminho se faz ao caminhar!
beijo enorme!!!
Muito bom ler isso. Também guardo dores em lugares vazios, mal ocupados. Abramos espaço para mais amor, felicidade...
É minha menina...
Beijos.
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