tardes melancólicas
mesmo o vento é silencioso
a sombra nas folhagens traduz uma tristeza
que perpassa o vazio entre os galhos
e se mistura aos últimos raios de sol
momento etéreo
entre a sombra fria
e o sol, que ainda ilumina
o céu de um azul profundo
se mostra límpido
o olhar através da janela mostra
o fim do dia...
os carros passando...
lembrando lhe a solidão
sua condição de ser perdido
das tardes da vida
quando a noite cai
e você fica só
* Reeditado - Durante muito tempo cultivei uma solidão inóspita, cultivei não, me habitava, me invadia, era sua hospedeira. Com o tempo e, também, pós várias terapias, de origens diversas, ela se modificou, de invasor passou a ser companheira. Agora, não estou mais só, virou uma leve nostalgia, um suspiro fundo que carrego no peito, andamos de mãos dadas e a afago quando se entristece.
17 comentários:
Que linda imagem, Patrícia!! Afagar a solidão, acompanhá-la, para que ela não fique tão só.
A melhor terapia é receber a vida, todas as manhãs, respirá-la, celebrar a sobrevivência de tudo que é belo, abraçar o ar que respiramos e, sobretudo, aprendermos, continuamente, a amar, intransitivamente.
Bom dia e obrigado pela inspiração que oferece a todos nós.
Anoitece...
e o sol se esguia...
noite adentro...
vida afora...
insólita poesia!
Bjão pra ti guria =)
Recordou-me poema musicado da Adriana Calcanhotto:
"Cai a tarde
Como sempre
Como sempre
Diferente
Cai a tarde
De onde não se sabe
Pela Farme
Sobre a gente
Cai a tarde
Sem parar
Cai a tarde
E tudo parda
Cai a tarde
Meu amor rega as plantas
Cai a tarde
A tarde toda
Na velocidade da luz
Cai a tarde
Que é seu fim
Cai a tarde
Que é sem fim?
Cai a tarde
Em sua finalidade
Cai a tarde
Cai a tarde"
(Sobre a tarde)
Patrícia, sou seu fã.
Belíssimo...
Abraços
Entendo bem dessa melancolia, melhor companhia dos poetas.
Lindo poema, como sempre, Patrícia.
Beijos.
Que linda forma de falar da solidão. Se não existisse, você a criaria em versos!!!
BeijooO*
Você não fica só...
Quando conseguimos verdadeiramente enxergar a sua alma e descobrir a sua essência não conseguimos mais nos afastar.
Sinto-me privilegiada de te conhecer assim.
Bjs.
Patrícia,
Identificação total com o poema. E é escrito de tal forma que quase se transforma em uma foto. Várias imagens, aliás, passaram pela minha cabeça durante a leitura.
A solidão às vezes é boa companheira, às vezes nem tanto. Acho que, como você disse, compete a nós aprender a fazê-la boa ou ruim.
Beijo grande,
Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com
Helcio, que lindo comentário! O segredo é esse, amar intransitivamente!
bj
Juliano, obrigada! versos em gotas!
beijão!
Marcio, a tarde quando cai sempre nos faz pensar...
Sempre tive um especial apreço pela tarde, depois das cinco antes das seis... Esse período tem uma singularidade especial, a coloração dos últimos raios do sol, a temperatura...
Moço, eu é que sou sua fã!!! Vou além mar pra te ler!!! rsrs
beijo garnde
Juan, fico feliz que tenha gostado!
Abração!
Lara, linda, obrigada!
É, acho que esse sentimento é comum aos poetas, uma ausência que se faz presente e nos acompanha. Acho que por conta dessa ausência e solidão é que buscamos tanto...
beijão!
Valéria, grata, moça! sei não..., acho que não daria conta do recado!
Beijão!
Alessandra, minha lindinha, muito bom saber que está perto! Privilégio é meu!!!
O problema é que essa solidão aqui não se intimida frente aos outros, nos acompanha em meio à multidão.
beijo grande
Ivan, escrevi esse poema enquanto olhava as árvores da janela da minha sala, na praia de botafogo, há séculos atrás, simplesmente descrevi o que via e sentia. Que bom que consegui passar o quadro!
Esse aprendizado é lento, algumas vezes doloroso, mas necessário já que a solidão é companheira constante.
Beijo grande poeta!
Essa melancolia cheinha de imagens bonitas me embalou. Ando assim, com um vento soprando bem dentro.
Um beijo enorme, Patrícia.
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