sexta-feira, abril 08, 2016

Construindo pontos de vista ou construindo pontes

O momento está delicado, mas a situação pede calma, reflexão imparcial dos fatos. Ser intolerante, intransigente, inflexível não resolverá nada. Todos possuem um ponto de vista interessante, mas são somente pontos de vista. Por que será que temos que defender nossos pontos de vista com unhas e dentes? Como se fosse uma questão de sobrevivência? Por que o outro não pode pensar diferente?

Por que temos que xingar, agredir, diminuir, destratar? Já se deram conta que a questão é de outra ordem. Quando somos tão intransigentes, não estamos mais falando de pontos de vista diferentes e interessantes, estamos falando de nós, da nossa necessidade de sermos aceitos, da imperiosa necessidade de ser. Nossa opinião passa a ser uma extensão de quem sou, assim, tenho necessidade de ratificá-la para além dos padrões sociais das boas maneiras. Rejeitar minha opinião é rejeitar minha pessoa, é negar quem eu sou. E quando temos tantas dúvidas sobre quem somos ou a nossa identidade, defender um ponto de vista interessante passa a ser algo vital, maior que o bem da nação.
Talvez, possamos estar perdendo uma oportunidade única, a possibilidade de poder construir uma estrutura que vá garantir um governo mais transparente, que tenha como base uma sociedade mais politizada. A crítica pura e simples é vazia, o julgamento inibe as possibilidades. Não há como acusarmos A ou B ou o sistema, fazemos parte dele, fizemos escolhas, mesmo quando escolhemos não escolher. Alguém poderia perguntar sobre o direito à liberdade de expressão, sobre a sua necessidade de compartilhar angústias. 

Mas, falando sério, se você tivesse a opção de fazer observações construtivas sabendo que iria ajudar o país a sair da crise ou a opção de criticar pela simples necessidade de defender sua opinião, mesmo sabendo que estaria piorando o cenário, participando do envenenamento generalizado dos ânimos e opinião. Qual você escolheria? Nossa luta deveria ser pela justiça, a verdade, e não defender ou acusar o partido A ou B ou o político C.

Onde está a nossa capacidade de observar e avaliar criticamente os fatos de forma imparcial? Onde estão as nossas competências para trabalharmos em conjunto em prol do bem coletivo? Talvez tenha orgulho de sua opinião, da fundamentação intelectual bem construída sugerindo seu nível social e intelectual, mas para além do seu ego, de que forma a sua opinião está contribuindo?

Obvio que sou a favor das mudanças, mas precisamos pensar a que custo? Qual a necessidade de se destilar ódio, a intolerância? Que raiva é essa que reside de forma tão visceral em nós e grita por libertação? Que raiva é essa que carregamos? O que está tão obliterado que não conseguimos ver?
Precisamos estar cientes que nossas ações têm impacto direto na construção do todo. A sua opinião e ação importa, a sua opinião e ação ajuda a construir a realidade do pais. Que realidade você quer construir? Que realidade você está construindo? Que contribuição você quer ser para o país? Pense com carinho!

p.s. - O texto acima, obviamente, nada mais é que um ponto de vista interessante da autora.

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